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Em 2020, o Instituto de Psicologia (IP) da USP celebrou 50 anos de existência. A pandemia de coronavírus atrapalhou, mas não impediu as comemorações de aniversário. Em dezembro, a equipe do IP se encontrou em um evento virtual para resgatar a memória desses 50 anos com o lançamento de um livro comemorativo.
50 anos do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo é um livro escrito a muitas mãos, sob a organização dos professores Marilene Proença e Andrés Antúnez e de Aparecida Angélica Sabadini. Essas mãos representam todos os setores da comunidade que forma o IP: professores, estudantes e funcionários não docentes.
O livro conta com nove capítulos temáticos que recuperam desde as memórias de acadêmicos importantes que passaram pelo IP e episódios marcantes da vida estudantil aos projetos de extensão e a produção intelectual. Também presta homenagem ao trabalho dos funcionários técnico-administrativos e passeia pelo espaço físico onde o instituto está instalado, passando pela fauna e flora do campus, pela área que abriga laboratórios e salas de aula, pela Biblioteca Dante Moreira Leite e pela construção da Casa das Culturas Indígenas.
Além do livro, a Comissão dos 50 Anos do IPUSP lançou um site comemorativo, onde é possível consultar a linha do tempo da psicologia na USP, ver galerias de fotos e baixar a publicação em PDF.
Memória da Universidade
A psicologia já nasceu como parte da USP em sua fundação, em 1934. No entanto, a disciplina passou seus primeiros 35 anos como uma cadeira da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Foi com o decreto estadual 52.326, de 16 de dezembro de 1969, que surgiu a oportunidade para o antigo departamento de psicologia se emancipar e se transformar numa instituição de ensino superior integralmente dedicada à ciência da psicologia.
Essa trajetória foi construída pelo trabalho de muitas pessoas, como os pioneiros Annita de Castilho e Marcondes Cabral, Arrigo Leonardo Angelini e Samuel Pfromm Netto, citados no primeiro capítulo do livro, que recupera a memória dos construtores do instituto. “Jamais se queixem, alunos, de que os alicerces são estes e não outros. A maior virtude dos alicerces é existirem. Aí, a gente tenta construir o que puder daqui pra frente”, disse a autora do capítulo, a professora Sandra Ribeiro.
E dos pioneiros para cá, o IP cresceu e se desenvolveu. Em 2020, sua comunidade foi formada por 73 professores, 123 funcionários técnico-administrativos, 410 estudantes de graduação e 524 estudantes de graduação. O instituto tem hoje também a maior biblioteca de psicologia da América Latina, com 38 mil livros, quase 8 mil testes e 953 títulos de periódicos.
Nos últimos anos, o instituto revisou sua missão, reforçando valores ligados ao conhecimento científico, à democracia e à justiça social. Também se prepara para, a partir de 2021, receber um conjunto de novos estudantes formado por 50% de egressos de escolas públicas e implementar, ao longo da próxima década, o curso noturno de psicologia.
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“Este momento tão agudo que nós estamos vivendo, de circunstâncias tão inéditas que nos assolam, onde a universidade pública está sendo atacada, onde o conhecimento científico está sendo vilipendiado, onde o exercício democrático está correndo riscos e até a nossa querida Fapesp tem sofrido problemas em relação ao corte de verbas, a nossa missão é de alguma forma convocada de uma maneira mais profunda a cultivar de modo imperativo o convívio na fronteira de nossas singularidades”, disse a diretora do IP, Ana Maria Loffredo, no evento de lançamento do livro comemorativo dos 50 anos da instituição.
Memórias vivas
As falas no evento de lançamento não esconderam: muito do conteúdo do livro de memórias permanece emoldurado nas lembranças de professores, funcionários e estudantes egressos do curso. Mas há também fatos que precisaram ser recolhidos e sistematizados, como lembrou a estudante Bruna de Oliveira Amaral, representante da Comissão de Graduação e vice-presidente da associação atlética dos alunos do IP.
“Hoje em dia, para a gente saber o que tem sido feito, a gente tem uma colheita muito individual, por professor do departamento”, disse Bruna, coautora do capítulo sobre as iniciativas de cultura e extensão, emendando um agradecimento a Islaine Maciel, profissional da comunicação do IP, pelo trabalho de busca dessas informações.
“Um dos meus aprendizados com essa experiência do livro é, na real, um desejo de que nos próximos 50 anos a gente consiga desenvolver formas de acessar todas as nossas produções, no que diz respeito à extensão, e tornar isso cotidiano”, completa a estudante.
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Esse esforço de sistematização de informações e trabalho coletivo foi concebido e realizado durante a pandemia, em isolamento social. Por isso, não poderia deixar de prestar homenagem a uma integrante da equipe do IP que morreu em junho, vítima da covid-19. Édila Aparecida da Silva trabalhou por 23 anos nos laboratórios e no antigo biotério do Departamento de Psicologia Experimental. Édila cuidava dos animais e apoiava os pesquisadores em seus experimentos. Em maio, foi internada em um hospital de campanha em São Paulo com um quadro preocupante de saúde.
Mais informações: https://50anos.ip.usp.br/