
Uma sessão solene da Congregação da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP marcou, no dia 17 de novembro, a outorga do título de Professor Emérito aos docentes Jacques Marcovitch e Denisard Cneio de Oliveira Alves.
O título é concedido a professores aposentados que tenham se distinguido por atividades didáticas e de pesquisa ou contribuído, de modo notável, para o progresso da ciência. A Congregação da FEA aprovou a concessão do título aos dois docentes em sessão realizada no dia 22 de junho deste ano, configurando os 14º e 15º títulos concedidos pela unidade.
O evento, realizado no Auditório FEA-5, reuniu dirigentes e ex-dirigentes da unidade e da Universidade, autoridades governamentais, professores, servidores técnico-administrativos, alunos e familiares dos homenageados.
A cerimônia teve início com a apresentação de viola caipira do professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA), Ivan Vilela. Em seguida, foram realizadas a leitura do termo de concessão do título de Professor Emérito e a entrega dos diplomas.
A saudação aos homenageados foi feita pelos professores da unidade Carlos Antonio Luque, do Departamento de Economia, e Eduardo Pinheiro Gondim de Vasconcellos, do Departamento de Administração.
“O professor Denisard tem uma percepção muita clara do papel da USP, que é uma universidade pública, e que todos – alunos, professores e funcionários – têm que se dedicar integralmente para fazer jus aos investimentos feitos pela sociedade”, afirmou Luque.
Ao saudar Jacques Marcovitch, Vasconcellos destacou a vasta trajetória acadêmica e profissional do ex-reitor da Universidade. “Ninguém faz tanta coisa em tão pouco tempo apenas pela competência individual. Marcovitch se destaca pela habilidade em lidar e envolver as pessoas e liderar grupos de forma muito produtiva. Ele estabeleceu um modelo a ser seguido”, ressaltou.
Críticas
Denisard Alves iniciou seu discurso relembrando que sua vida na faculdade começou em 1964, quando ingressou como aluno de graduação em Economia e Ciências Sociais, na antiga sede localizada na Rua Dr. Vila Nova, no bairro da Consolação, em São Paulo.
Além de sua dedicação à docência e à pesquisa, Alves teve importante participação em atividades administrativas na USP, sendo chefe de Departamento, diretor da FEA, presidente da Comissão de Orçamento e Patrimônio (COP) e coordenador da então Coordenadoria de Saúde e Assistência Social da Universidade. Também ocupou diversas funções públicas, dentre elas, de secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo entre os anos de 1983 e 1985.
Alves fez críticas ao que chamou de perfil “elitista” da Universidade e externou sua preocupação com a carreira docente. Ao final, aconselhou, segundo ele, principalmente aos mais jovens: “Temos o compromisso de fazer algo pelos que virão. Arrisquem-se e corram risco”.
Valores e ética
“Esta universidade pública permitiu a muitos, que não teriam condições de pagar, estar nesta sala hoje. O modelo deve ser repensado, mas com os números na mesa, para poder analisar as propostas e encontrar soluções para problemas antigos que precisam ser solucionados.” Assim Jacques Marcovitch deu início à sua fala na cerimônia.
O docente destacou a necessidade de fomentar os valores e a ética na sociedade. “Formar quadros de gestores qualificados e transmitir valores e ideias são missão da universidade pública. Aprender e empreender. Por isso, nos cabe ensinar e apoiar os que empreendem. Capacitar os jovens que vão conduzir e produzir”, afirmou.
Marcovitch fez menção ao Código de Ética da USP (“documento que inspira o que entendemos por missão acadêmica e ferramenta essencial para a governança”, considerou), criado durante seu mandato como reitor da Universidade, no período de 1998 a 2001. Como principal executivo da USP, Marcovitch também estabeleceu, em sua gestão, a reserva de contingência no orçamento da Universidade.
Na gestão pública, entre outros cargos, foi secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo e presidente das Companhias Energéticas de São Paulo no governo de André Franco Montoro.
Casa da diversidade
O diretor da FEA, Adalberto Américo Fischmann, enfatizou o caráter festivo da cerimônia, que marcou as celebrações dos 70 anos da unidade, comemorados em 2016, e lembrou que os dois homenageados, quando estudantes, foram presidentes do Centro Acadêmico Visconde de Cairu. “Isso significa que a vida universitária é rica tanto para o desenvolvimento profissional quanto para a formação de lideranças”, avaliou.
O reitor Marco Antonio Zago também salientou a tradição do Centro Acadêmico e mencionou que a “Universidade é a casa da diversidade de pensamento, de conflito de ideias, de debates. Cada um dos homenageados fez contribuições importantes para a instituição e para a sociedade. Além disso, compartilham a necessidade de fortalecer as relações com órgãos governamentais e setores produtivos. Finalmente, quando se fala em mudanças, acredito que a Universidade pode mudar, mas há resistência em relação a uma análise racional pelos mais conservadores, que se dizem progressistas. Nossa resposta tem de ser de ação persistente e convicção de que a Universidade pode mudar e vamos continuar mudando. Estamos no bom caminho e vamos continuar lutando assim”.
Da Assessoria de Imprensa da USP