Iniciativa da USP em Ribeirão Preto busca combater a desinformação sobre vacinas

Uma das atividades da União Pró-Vacina é um recurso que permite identificar amigos no Facebook expostos a conteúdo enganoso

 20/12/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 06/01/2020 às 14:21
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Em Ribeirão Preto os integrantes da União Pró-Vacina, grupo criado por alunos, professores e funcionários do campus da USP, criaram um recurso que permite verificar quais amigos no Facebook estão em contato com as páginas que mais geram desinformação sobre vacinas. Ele está disponível no endereço bit.ly/antivaxno.

Crianças são imunizadas na tenda de vacinação instalada na Quinta da Boa Vista para a campanha contra a poliomielite e o sarampo – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

São quatro links que mapeiam os amigos do usuário expostos a esse conteúdo enganoso. As páginas responsáveis por ele foram identificadas pelo estudo As Fake News estão nos deixando doentes?, divulgado em novembro pela Avaaz, rede para mobilização social global através da internet, e pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Segundo os integrantes da iniciativa pró-vacina, o objetivo desse mapeamento é incentivar o diálogo e o compartilhamento de conteúdo baseado em evidências científicas e em fontes confiáveis sobre a importância da vacinação para a saúde de toda a sociedade.

“As redes sociais são cada vez mais presentes em nosso cotidiano, porém essas ferramentas que deveriam incentivar a aproximação e a interação das pessoas estão servindo como fonte de desinformação sobre diversos temas”, diz o estudante da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, Wasim Said, um dos integrantes do grupo. As redes sociais, diz Said, têm papel importante na disseminação de notícias falsas, as fake news, mas elas também podem ser fundamentais para divulgar as informações corretas, até porque as redes sociais determinam comportamento.

“Os efeitos das informações falsas sobre vacinas na população brasileira começam a produzir consequências graves”, alerta. De acordo com dados do Programa Nacional de Imunizações, a taxa de cobertura vacinal geral no Brasil caiu de 95%, em 2015, para 71%, em 2018. Doenças que até então tinham sua incidência controlada, como o sarampo, estão voltando a fazer vítimas. Segundo a OMS, em 2018 10 milhões de pessoas foram infectadas pela doença e 140 mil morreram, sendo a maioria crianças com menos de cinco anos e não vacinadas. 

Mas o crescimento das ações de vacinação contra o sarampo mostrou que a informação é uma arma bastante eficaz. Embora até outubro deste ano a cobertura vacinal para a tríplice viral (vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) estivesse em torno dos 57%, um boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, no dia 13 de dezembro, mostrou que o País ultrapassou a meta esperada de cobertura vacinal contra o sarampo, chegando a 99,4% do público-alvo.

Sobre a União Pró-Vacina

A União Pró-Vacina é uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, em parceria com o Centro de Terapia Celular (CTC), o Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (CRID), os projetos de divulgação científica Ilha do Conhecimento e Vidya Academics, e o Gaming Club da FEA-RP.

O objetivo é unir instituições acadêmicas e de pesquisa, poder público, institutos e órgãos da sociedade civil para combater a desinformação sobre vacinas, planejando e coordenando atividades conjuntas durante todo o ano de 2020, explorando as potencialidades de cada instituição participante.

Entre as ações que serão realizadas estão: produção de material informativo; intervenções em escolas, espaços públicos e centros de saúde; eventos expositivos; combate às informações falsas e desenvolvimento de games.

Instituições, grupos e associações interessados em integrar a iniciativa e colaborar com os projetos podem entrar em contato pelo e-mail iearp@usp.br.

Ouça no player acima a entrevista, na íntegra, do acadêmico Wasim Said.

Colaboração de Thais Cardoso do IEA-RP.


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