Peixes-elétricos em exposição no Museu de Zoologia da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Exposição do Museu de Zoologia da USP convida o público a descobrir os peixes-elétricos
Mostra traz exemplares vivos e conservados e é resultado de estudos com a participação de pesquisadores do museu; visitação é gratuita, acessível para deficientes visuais e vai até setembro de 2024
Como alguns peixes conseguem produzir eletricidade? E o que esse mecanismo pode nos ensinar? A exposição A vida secreta dos peixes-elétricos, instalada no Museu de Zoologia (MZ) da USP, sacia essas e outras curiosidades do público, levando-o a explorar a origem evolutiva e os usos da eletricidade desses animais, a partir de estudos realizados com a participação de pesquisadores do MZ. A mostra traz exemplares vivos de três espécies, emprestados por meio de uma parceria com o Aquário de São Paulo, e outros conservados, parte da coleção do MZ. A visitação começou nesta quarta, 13 de setembro, e fica em cartaz por um ano, de quarta a domingo, das 10h às 17h, de forma gratuita, bilíngue (português e inglês) e acessível para deficientes visuais.
A mostra conta com painéis explicativos, modelos das espécies para o público tocar, exemplares do museu em potes e três aquários para observação, cada um com uma espécie. Ao todo, são três peixes-elétricos (Electrophorus voltai), cinco carapós-tuviras (Gymnotus carapo) e seis ituí-cavalos (Apteronotus albifrons) vivos. Os visitantes também poderão ouvir os sons gerados pelas descargas elétricas dos peixes nos aquários, que acontecem, por exemplo, quando eles se reconhecem entre si.
A exposição nasce das descobertas do projeto temático de cooperação internacional Diversidade e evolução de Gymnotiformes (Teleostei, Ostariophysi), iniciado em agosto de 2017 e finalizado em julho deste ano, que envolveu o MZ, o National Museum of Natural History do Smithsonian Institution e pesquisadores brasileiros e estadunidenses de outras instituições na ampliação dos conhecimentos sobre as espécies da ordem Gymnotiformes, que reúne a maior quantidade de espécies de peixes geradoras de eletricidade. Os cientistas procuraram documentar a diversidade e história evolutiva desses animais sob vários aspectos, além de descrever sua capacidade de produzir eletricidade.
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Naércio Menezes, professor e pesquisador do Museu de Zoologia da USP - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O projeto foi coordenado por Naércio Menezes, professor e pesquisador do MZ. Ele explica que os peixes elétricos transformam suas células musculares e nervosas em células elétricas. “Esse é um fato absolutamente extraordinário: como um peixe pode produzir eletricidade a partir de células não elétricas?”, comenta Menezes.
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Espaço da exposição e o peixe-elétrico em um dos aquários - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Expansão da biodiversidade
Os peixes-elétricos são encontrados exclusivamente na região neotropical da Terra, que engloba a América do Sul. Os peixes da ordem Gymnotiformes estão presentes em particular na bacia amazônica e reúnem um grande número de espécies — o projeto temático descobriu mais de 50 novas espécies, que agora estão em processo de descrição. Por essas e outras razões, esses animais são usados como “táxon modelo” pelos cientistas para estudos sobre a diversidade de organismos aquáticos em escalas continentais.
Os peixes vivos presentes na exposição são emprestados do acervo permanente do Aquário de São Paulo, que cuidará da estrutura e manejo técnico durante todo o período de realização da mostra. Todos os animais possuem registro na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e passaram por acompanhamento veterinário ao longo do processo de adaptação aos aquários da mostra.
“Para nós que trabalhamos na área de educação para conservação, pesquisa e exposição, é imprescindível nos unirmos com parceiros fortes”, diz Ricardo Cardoso, diretor científico do Aquário, sobre essa que é a primeira parceria oficial com o MZ. Também é a primeira vez que o museu expõe animais vivos.
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Ricardo Cardoso, diretor científico do Aquário de São Paulo - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Além disso, a mostra inaugura o uso da Galeria de Exposições Temporárias do MZ. O espaço ficará reservado para exposições temporárias e outras atividades de extensão promovidas pela equipe do museu. “É um espaço para nossos alunos, servidores e professores desenvolverem a extroversão do conhecimento produzido em suas pesquisas”, conta Marcelo Duarte, professor e atual diretor do museu.
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Peixes conservados da coleção do Museu de Zoologia na exposição A vida secreta dos peixes-elétricos - Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Outro objetivo da exposição é mostrar a importância das coleções do MZ para a realização de pesquisas. “Esperamos apresentar como elas ajudam a construir o conhecimento sobre a biodiversidade”, afirma Maria Isabel Landim, professora e atual chefe técnica da Divisão de Difusão Cultural do museu.
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Marcelo Duarte da Silva, diretor do Museu de Zoologia da USP, destaca exposições como forma de mostrar conhecimento produzido em pesquisas - Foto: Marcos Santos / USP Imagens
A realização da mostra é uma parceria entre o Laboratório de Ictiologia e a Divisão de Difusão Cultural do MZ e o Aquário de São Paulo. A exposição conta com elementos de acessibilidade visual, dentre eles mapa, piso e corrimão táteis e textos adaptados para Braille, e pode receber novos recursos nos próximos meses. Para entrar em contato com a equipe do museu, escreva para o e-mail ddcmz@usp.br ou ligue no número (11) 2065-6670.
A vida secreta dos peixes-elétricos
Período: um ano, a partir de 13 de setembro de 2023, de quarta a domingo, inclusive feriados, das 10h às 17h, última entrada às 16h30
Local: Galeria de Exposições Temporárias, no segundo andar do Museu de Zoologia da USP, Av. Nazaré, 481, Ipiranga
Entrada: gratuita; agendamento necessário somente para grupos de mais de 10 pessoas, no site do museu.
*Estagiária sob supervisão de Thais H. Santos
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