Por ano, 2,8 mil alunos participam de intercâmbios pela USP

Cada vez mais, estudantes da Universidade cruzam as fronteiras para estudar e voltam com muita bagagem do exterior

 07/02/2017 - Publicado há 8 anos
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Sair do País, estudar em uma universidade estrangeira e conhecer pessoas de diversos lugares do mundo. Alunos da USP, estes jovens viajam não apenas por fins acadêmicos, mas para descobrir a vida a partir daquela perspectiva que é, considerada por muitos, a melhor experiência universitária. O sonho do intercâmbio torna-se realidade.

Segundo o professor Raul Machado Neto, presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani), a Universidade possui 1.400 convênios com cerca de 70 países ao redor do mundo. A começar por atividades bilaterais, construção de parcerias, incentivo às pesquisas e envolvimento na mobilidade de alunos e docentes, a agência tem como objetivo criar um ambiente acadêmico internacional na USP, considerado como prioritário para o professor.

Por ano, cerca de 2.800 alunos participam do programa de intercâmbio oferecido pela Universidade, como foi o caso de Vitor Filomeno, Laís Boni e Anaís Motta, que, no auge de seus 20 e poucos anos, optaram por “passar um tempinho lá fora”.

Do outro lado do mundo

20170202_02_intercambio-vitorEstudante de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, Vitor ficou dez meses na Austrália. Estimulado por um maior aprofundamento no curso e em matérias específicas de seu gosto,  ligadas à área de manufatura e empreendedorismo, ele encontrou no país a possibilidade de cursar uma das 50 melhores universidades do mundo.

Vitor dividiu um apartamento com outro colega brasileiro durante sua estadia. Próximo da faculdade e da praia, o prédio onde residiam contava com pessoas de todo o mundo, a maioria delas de europeus vindos para trabalhar na Austrália.
Entre cangurus, passeios e muito estudo na Universidade de New South Wales (UNSW), a liberdade e o estilo de vida do povo local foi o que mais surpreendeu o estudante.

“As pessoas no Brasil tendem a guiar a vida muito pelo trabalho, como se elas vivessem somente para isso. Na Austrália, ficava bem nítido que se trabalhava para viver. O lazer e a vida pessoal eram tão importantes, se não mais, quanto os compromissos profissionais, possibilitando uma vida muito equilibrada.”

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Vitor na frente da Universidade de New South Wales (UNSW), uma das 50 melhores do mundo – Foto: Arquivo Pessoal

Brasileiros no país das bicicletas

20170202_02_intercambio-laisLaís, aluna da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, residiu durante um ano na Holanda, onde estudou no Institute for Housing & Urban Development Studies (IHS) da Erasmus University. Ela teve a possibilidade de aprender na prática como o urbanismo funciona, já que Roterdã, cidade onde ficou, é considerada uma das mais organizadas do mundo, principalmente no quesito mobilidade.

Apesar do receio de estar em uma sala com mais 39 brasileiros, todos participantes do programa Ciências sem Fronteiras, suas aulas eram dadas exclusivamente por professores estrangeiros, e a experiência do intercâmbio não foi prejudicada em nenhum momento, pelo contrário, segundo Laís, a grande quantidade de conterrâneos colaborou e enriqueceu essa viagem.

“Por ser um curso específico para os brasileiros, tivemos a sensação da universidade conceder um pouco mais de atenção. Ouvimos outros relatos de participantes do Ciências sem Fronteiras, no qual estudantes simplesmente se ‘perdiam’ no meio de uma massa. Essa exclusividade foi muito positiva.”

Além disso, um intercâmbio não se constrói apenas no ambiente acadêmico e, mais uma vez, ter colegas brasileiros em solo holandês ajudou a estudante: “O clima na Holanda é muito ruim, chove diariamente, venta muito e está sempre nublado, com exceção de alguns dias no verão. Ter vontade de sair de casa com esse clima foi bem difícil. Nesse sentido, ter convivido com tantos brasileiros foi muito positivo. Todo mundo sentia a mesma coisa, podíamos compartilhar todas essas experiências na adaptação. Ter pessoas do mesmo país por perto foi essencial”.

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Bicicletário em Roterdã, Holanda – Foto: Arquivo Pessoal

Uma Europa e muitas viagens

20170202_02_intercambio-anaisAnaís, estudante de Jornalismo, encontrou-se meio deslocada na Università di Lingue e Comunicazione (IULM), em Milão, na Itália. A faculdade estrangeira não disponibiliza o curso que a aluna faz aqui no Brasil, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP; então, foi necessário mesclar sua grade com algumas matérias da área, fato que acabou prejudicando o estudo e tornando a experiência acadêmica traumática.

Apesar de uma graduação, de certa forma, decepcionante, a estudante utilizou a possibilidade do intercâmbio para conhecer diversas culturas, costumes e pessoas. Em pouco mais de quatro meses na Europa, Anaís conheceu 14 países do continente e quebrou tabus sobre a sociedade.

“O que mais me surpreendeu na Itália é o quanto os italianos se parecem com os brasileiros. Antes de eu vir para cá, as pessoas diziam que o povo era muito grosso. Posso afirmar que não são! É um povo muito legal, que sempre te ajuda quando você precisa. Isso salvou meu intercâmbio. Enquanto tudo estava caindo aos pedaços na faculdade, sabia que tinha um país e uma cidade muito legais para aproveitar, com diversas pessoas a conhecer.”

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Università di Lingue e Comunicazione (IULM), Milão, Itália – Foto: Arquivo Pessoal

As oportunidades

Segundo Raul Machado Neto, presidente da Aucani, os programas oferecidos pela agência são previamente anunciados de acordo com um edital, contendo requisitos a serem seguidos pelos alunos interessados. Alguns dos pré-requisitos envolvem uma área de atuação ou curso de graduação específicos, mas, em princípio, todos os estudantes têm condições para pleitear algum tipo de mobilidade dentro da USP, sem dúvidas disso.

“Os convênios sempre são feitos com isenção de taxa para os estudantes; no entanto, um pequeno número pode fazer voluntariamente alguma atividade com despesas extras. A maioria dos programas de mobilidade são sem ônus para os alunos”, conclui.

Para mais informações sobre bolsas e programas de mobilidade, acesse o site da agência.

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Quantidade de uspianos intercambistas divididos por país em 2014 – Fonte: Aucani

 


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