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Em metrópoles como São Paulo, é quase impossível ir de um ponto a outro da cidade sem encontrar um buraco no asfalto, vazamento de água ou entulhos em locais proibidos. Em um espaço que ocupa mais de 1.500 km², entretanto, é inviável que a Prefeitura e os órgãos responsáveis estejam cientes de todos esses problemas na velocidade em que ocorrem. Ciente disso, a aluna Renata de Camillo Corrêa Bernardes propôs o Sistema de Identificação de Problemas de Infraestrutura Urbana (Sipiu).
O projeto da estudante da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP consiste em um equipamento com um sistema capaz de se comunicar a longa distância com os órgãos responsáveis pela manutenção da infraestrutura da cidade. O aparelho, em formato de caixa, inclui botões e uma tela, e a ideia é que ele seja acoplado nos carrinhos-lixeiras dos garis. A proposta foi a grande vencedora de um concurso de Internet das Coisas, realizado no mês passado, o Embarcados Contest.
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Segundo Renata, São Paulo possui 13 mil profissionais responsáveis pela limpeza das vias públicas, sendo que cada um percorre cerca de 7,8 km dia – o que torna os garis peças-chave para a eficácia da resolução dos problemas. “Quando o gari observa e identifica um problema, ele escolhe o tipo dentre algumas opções exibidas na tela do equipamento e, acionando os botões, envia essa informação para o órgão responsável. O órgão para o qual essa informação irá já está definido no sistema do equipamento e, desse modo, o gari deverá apenas se preocupar em identificar o problema, ocupando o mínimo de seu tempo”, explica a graduanda do curso de Engenharia Elétrica com ênfase em Eletrônica. Dessa forma, afirma, o sistema não atrapalha a rotina de trabalho dos profissionais.
Quando o gari observa e identifica um problema, escolhe o tipo dentre algumas opções exibidas na tela do equipamento e, acionando os botões, ele envia essa informação para o órgão responsável
Segundo o plano de negócios apresentado por Renata, o custo aproximado de cada evento sinalizado seria de, em média, dez centavos. “Comparando com os gastos que a Prefeitura e os outros órgãos têm, com reparos, acidentes e reparações, dez centavos é um custo bem baixo”, aponta.
Embarcados Contest
O prêmio vencido por Renata é fruto de uma parceria do site Embarcados, com a empresa de semicondutores NXP. O concurso centrava-se na utilização da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) para a resolução de problemas. “Em termos técnicos, pode‐se definir IoT como uma rede mundial de objetos interconectados e endereçáveis de maneira única, baseados em protocolos padrões de comunicação. Em uma visão mais focada em aplicação, IoT possibilita um mundo onde os objetos podem se comunicar automaticamente entre si e com computadores, fornecendo serviços para beneficiar a humanidade”, explica a graduanda.
Com o primeiro lugar, Renata faturou o prêmio de US$ 1.200 e a oportunidade de pré-acelerar o seu projeto na aceleradora Baita. O objetivo da estudante é levar o seu sistema adiante. “Eu estou estudando a viabilidade dele se tornar um produto e ser implementado em grandes centros urbanos. E o próximo passo para que isso aconteça é trocar a comunicação 3G pela Rede Sigfox, que tornaria o Sipiu mais barato e fácil de ser implementado”, aponta.
Para a jovem, a participação no concurso abriu um novo horizonte. “O prêmio me deu a oportunidade de mostrar a minha capacidade, como desenvolvedora e empreendedora, me possibilitou conhecer pessoas que eu acredito que poderão contribuir muito para a minha carreira e também me ajudou a acreditar que estou no caminho certo”, conta.
Renata explica o Sipiu em vídeo preparado para o concurso Embarcados Contest: Conectando à Internet das Coisas com NXP: