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Ciganos, judeus, armênios, negros e índígenas: algumas vítimas de genocídio na história mundial - Foto: Arquivo Federal Alemão (Bundesarchiv), American Committee for Relief in the Near Easte e EBC
“A educação é a mais importante estratégia para evitar novos genocídios”
A partir do dia 13 de agosto, uma série de conferências vai debater a origem de genocídios que ocorreram ao longo da história e que ainda continuam existindo no mundo
05/08/2020
Genocídio é o termo utilizado para classificar o extermínio sistemático de grupos ou etnias, considerado crime internacional pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1948. O século 20, por exemplo, ficou marcado por essas ações em episódios como o Genocídio Armênio (1915-1917), considerado protótipo dos genocídios, e teve como resultado 1,5 milhão de armênios assassinados pelo governo turco-otomano. Para discutir os perfis e maneira de prevenir esses crimes, será realizado o Fórum Permanente sobre Genocídios e Crimes contra a Humanidade a partir do dia 13 de agosto.
Trata-se de uma série de encontros que visam fomentar discussões sobre o tema. “Incentivar pesquisas é também um dos objetivos do fórum, para que possam informar e formar pesquisadores com o objetivo de reconstituir a história de todos os genocídios que ocorreram e que, infelizmente, continuam”, destaca Maria Luiza Tucci Carneiro, professora de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, em São Paulo e uma das organizadoras do Fórum.
A importância de discutir o assunto está na prevenção, segundo a professora. “Primeiro é preciso identificar o que os genocídios possuem em comum, no que se diferenciam e depois pensar no que podemos fazer através de ações educativas e pesquisa para evitar novos episódios. A educação é a mais importante estratégia de informação, formação e produção de saberes para evitar novos genocídios”, destacou.
Noticiar, denunciar e protestar também são elementos fundamentais na prevenção. Especialmente considerando as redes sociais, ferramentas de mais rápida transmissão, em comparação aos veículos que havia no século passado. Porém, segundo a professora, é preciso possuir cautela com a utilização do termo. “A maneira generalizada com que está sendo utilizado pode deturpar o conceito histórico que a palavra genocídio adquiriu.”
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Ao longo da história diversos genocídios ocorreram. Um dos mais marcantes foi o Holocausto, que culminou no assassinato de cerca de 6 milhões de judeus, de maneira sistematizada e legalizada pela Estado Alemão. “Mas é importante ter em mente que não apenas a Alemanha nazista, a Itália fascista e a União Soviética procederam com assassinatos em massa. No Brasil, por exemplo, ocorre uma questão secular com os indígenas”, salientou Tucci Carneiro.
Tendo isso como mote, o evento abordará diversos temas: Genocídio Armênio; Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948) e Ciganos na Europa: perseguição e extermínio são alguns deles. Para participar, basta se inscrever nos links. Os eventos ocorrerão sempre às 17 horas, são gratuitos e haverá emissão de certificado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para quem acompanhar ao menos três encontros. As informações de acesso serão enviadas aos inscritos um dia antes do evento.
Programação
Fórum permanente sobre genocídios e crimes contra a humanidade
AGOSTO 2020
13.08 - quinta-feira, às 17h
Instalação do Fórum - Conferência Inaugural
Genocídio Armênio
Conferencista: Prof. Dr. Paulo Casella
(Faculdade de Direito USP)
Mediador: Prof. Dr. Arthur Roberto Capella Giannattasio
(IRI-USP)
26.08 - quarta-feira, às 17h
Convenção para Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio (1948)
Palestrante: Prof. Dr. José Blanes Sala
(UFABC)
Mediador: Prof. Me. Marco Aurélio Moura dos Santos
(CEPIM-USP FMU)
SETEMBRO 2020
10.09 - quinta-feira, às 17h
Ciganos na Europa: perseguição e extermínio
Palestrante: Prof. Dr. Marcos Toyansk
(LEER-USP; Senac)
Mediador: Prof. Me. Ygor Pierry Piemonte Ditão
(CEPIM-USP; UNIP)
24.09 - quinta-feira, às 17h
Holodomor: Genocídio Ucraniano pela Fome
Palestrante: Exmo. Sr. Rostyslav Tronenko
(Embaixador da Ucrânia no Brasil)
Mediador: Felipe Nicolau Pimentel Alamino
(CEPIM-USP)
OUTUBRO 2020
8.10 - quinta-feira, às 17h
Holocausto, genocídio singular
Palestrante: Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro
(LEER-USP)
Mediador: Antonio Cavalcante
(CEPIM-USP)
22.10 - quinta-feira, às 17h
Povos Indígenas: Cultura e Morte
Palestrante: Prof. Dr. João Paulo Jeannine Andrade Carneiro
(Doutor em Geografia Humana pela USP; Professor de Geografia);
Prof. Denizom Moreira de Oliveira
(Damásio Educacional)
Mediadora: Profa. Dra. Maria Luiza Tucci Carneiro
(LEER-USP)
NOVEMBRO 2020
05.11 - quinta-feira, às 17h
Crimes contra a Humanidade no Estatuto de Roma: elementos contextuais
Palestrante: Dra. Sylvia Helena de Figueiredo Steiner
(Juíza do TPI- 2003/2012)
Mediadora: Ana Lúcia Marcondes Faria de Oliveira
(CEPIM-USP)
11.11 - quarta-feira, às 17h
Genocídios e Negacionismos Históricos: desafios éticos e epistemológicos
Palestrante: Prof. Dr. Marcos Napolitano
(Depto. de História, FFLCH-USP)
Mediador: Prof. Carlos Eduardo de Castro e Silva Carreira
(CEPIM-USP; FMU)
.
26.11 - quinta-feira, às 17H
Genocídio em Ruanda: desafios da defesa criminal perante o MICT/TPIR
Palestrantes: Prof. Dr. Cássio Eduardo Zen
(CEPIM-USP; FAPI-PR);
Profa. Me. Maria Olívia Ferreira Silveira
(CEPIM-USP)
Mediadora: Profa. Dra. Gabriela Werner Oliveira
(CEPIM-USP; UPF-RS
DEZEMBRO 2020
02.12 - quarta-feira, às 17h
Crimes contra a Humanidade nos Regimes Totalitários
Palestrante: Profa. Dra. Cláudia Perrone Moisés
(Faculdade de Direito-USP)
Mediadora: Karen Marcello
(CEPIM-USP)
09.12 - quarta-feira, às 17h
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO 202
População Negra no Brasil: Genocídio ou Crime contra a Humanidade?
Palestrantes: Prof. Dr. Clodoaldo Silva da Anunciação
(UESC-BA/MPBA);
Profa. Dra. Marina de Mello e Souza
(Depto. de História, FFLCH-USP)
Mediador: Cássio Vinicius Coutinho Silva
(CEPIM-USP)
Além da OAB, o Fórum Permanente sobre Genocídios e Crimes contra a Humanidade é apoiado pelo Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER) da USP; Núcleo de Estudos Sobre Violência (NEV) da USP; Grupo de Pesquisas sobre a Proteção Internacional de Minorias (Cepim) da Faculdade de Direito da USP; União Geral Armênia de Beneficência (Ugab); Instituto de Direito Internacional e Relações Internacionais (Idiri); Associação Beneficente B’nai B’rith do Brasil e Grupo de Estudos em Direitos Humanos e Relações Internacionais (GDHRI) da Universidade Federal do ABC (UFABC).