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“A exposição Yorùbáiano, de Ayrson Heráclito, na Pinacoteca Estação, é simplesmente fundamental. Ayrson opera como poucos artistas nos territórios políticos e sagrados”, comenta Giselle Beiguelman, artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em sua coluna Ouvir Imagens na Rádio USP (clique e ouça o player acima). “Os curadores Ana Maria Maia, Amanda Bonan e Marcelo Campos fazem uma incursão retrospectiva na sua múltipla obra, reunindo trabalhos realizados desde os anos 1990.”

Giselle Beiguelman observa a diversidade de linguagens e suportes pelas quais o artista transita. “Da instalação à performance, passando pelo vídeo e a fotografia, ele percorre todos os campos da arte contemporânea, debruçando-se com um rigor único sobre a dimensão cultural e espiritual da afrodiáspora”, destaca. “Para isso, investe numa poética que dá concretude ao azeite de dendê, um material a que ele recorre em vários projetos, para reescrever nossa história oficial, atualizando as tradições ancestrais.”

A poética decolonial pauta a exposição. “Uma obra de rara potência, que combina força e delicadeza, incidindo nas marcas da escravidão e na riqueza da cultura e da constelação simbólica yorubá.” A professora destaca que a exposição surpreende o público com a sua beleza. “Porém, é muito desconcertante. Resgata as memórias traumáticas e procura narrar o inenarrável da brutalidade que marca a emergência forçada da afrodiáspora. Em uma frase, eu diria que Yorùbáiano é uma exposição sobre transe, sobre rigor, sobre arrojo estético e, acima de tudo, sobre a ética da dor.”

A mostra Ayrson Heráclito: Yorùbáiano está na Pinacoteca Estação, Largo General Osório, 66 – Luz, São Paulo (SP). Fica em cartaz até 22 de agosto de 2022, de segunda a sábado, das 10 às 18 horas, com entrada gratuita.

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