Nesta edição da coluna Fique de Olho, o professor Eduardo Rocha fala sobre a relação da hepatite com a saúde ocular. Parabenizando os ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2020, que contribuíram para identificar o vírus causador da hepatite do tipo C, Rocha conta que só a partir da segunda metade do século 20 é que foi feita a diferenciação das hepatites A, B e C, mostrando que a hepatite C tem aspecto mais indolente e crônico, sendo transmitida por secreções e transfusões de sangue.
O professor comenta que só foi possível identificar as formas de infecção e produzir medicamentos capazes de conter a doença após conhecer seu tipo de vírus, e adianta que o “vírus RNA não é um infectante exclusivo das células do fígado” e, por isso, pode infectar tecidos e peles oculares. E, de maneira indireta, também pode danificar e prejudicar a função do fígado, “fazendo com que esse órgão, que é uma grande usina metabólica, que produz e estoca energia e elementos vitais para o funcionamento do corpo todo, uma vez danificado, leve a repercussões negativas para os olhos”. Além disso, informa Rocha, o tratamento prolongado pode causar efeitos colaterais oculares.
Segundo o especialista, essas observações também são revisadas pelo médico oftalmologista e professor da Universidade Federal do Maranhão, Romero Bertrand, que já foi pós-graduando da USP em Ribeirão Preto. Em um estudo de casos de pacientes com hepatite C, Bertrand observou entre os problemas oculares relacionados à doença: falta de lágrimas, irritação da superfície do olho, algumas retinopatias e predisposição para alguns tipos de tumores de mucosas, que afetam a região ao redor dos olhos.
Para Rocha, essa é uma situação que reforça a importância do trabalho dos pesquisadores vencedores do Nobel, pois, na apresentação desses sintomas, é possível investigá-los, fazendo a sorologia, e assim descobrir se a causa é a hepatite C e tratar a doença e suas manifestações.
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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