Na coluna de hoje, o professor Octávio Pontes explica o uso indiscriminado da aspirina. A aspirina, também conhecida como ácido acetilsalicílico, é um medicamento pertencente à classe dos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Seu mecanismo de ação envolve a inibição de uma enzima chamada ciclo oxigenase (COX). A COX é responsável pela produção de substâncias chamadas prostaglandinas, que desempenham um papel importante na inflamação, dor e febre. Quando ocorre uma lesão tecidual ou inflamação, a COX converte o ácido araquidônico em prostaglandinas, que são mediadores químicos que promovem os sinais de dor, inflamação e febre. A aspirina atua inibindo a COX, impedindo assim a produção de prostaglandinas. Isso reduz a inflamação, alivia a dor e pode baixar a febre.
Pontes ressalta que, além de suas propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, a aspirina também possui efeitos anticoagulantes. “Ela inibe a ação das plaquetas do sangue, que são responsáveis pela formação de coágulos sanguíneos. Isso pode ser benéfico na prevenção de certos tipos de problemas cardiovasculares, como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) isquêmicos, nos quais um coágulo sanguíneo obstrui o fluxo sanguíneo em um vaso sanguíneo do coração ou cérebro.”
É importante ressaltar, segundo Pontes, que devido ao seu mecanismo de ação, a aspirina é utilizada para tratar uma variedade de condições, incluindo dores leves a moderadas, febre, inflamação, artrite reumatoide e doenças cardiovasculares. O professor destaca ser importante usar a aspirina conforme a orientação médica, uma vez que o uso prolongado ou em doses inadequadas pode causar efeitos colaterais indesejados, como irritação gástrica e aumento do risco de sangramento. “Sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar qualquer tratamento com aspirina ou outros medicamentos.”
O estudo recente publicado na revista Jama, segundo Octávio Pontes, investigou os riscos de AVC isquêmico e sangramento intracraniano em pessoas mais velhas e saudáveis que receberam aspirina diariamente em baixa dose. “Este estudo incluiu 19.114 adultos mais velhos, encontrou um aumento estatisticamente significativo de 38% em sangramento intracraniano como resultado de uma combinação de acidente vascular cerebral hemorrágico e outras causas de hemorragia intracerebral entre os indivíduos que receberam aspirina, e não houve diferença na incidência de acidente vascular cerebral isquêmico nos dois grupos. O estudo não encontrou redução significativa na incidência de AVC isquêmico com o uso de aspirina, mas houve um aumento significativo no sangramento intracraniano. Esses resultados podem ser especialmente relevantes para pessoas mais idosas propensas a desenvolver sangramento intracraniano após traumas na cabeça.”
Aspirin in Reducing Events in the Elderly
https://jamanetwork.com/
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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