Hoje (24), Eduardo Rocha fala sobre toxoplasmose, doença transmitida pelo parasita microscópico Toxoplasma gondii, que, em diferentes fases da sua vida de micróbio, pode se tornar um oportunista e infectar pessoas. As formas bradi ou taquizoítas podem ser ingeridas junto com alimentos derivados de animais, como carne ou leite crus ou malcozidos. A forma de cistos pode infectar através de água contaminada ou vegetais contaminados com as fezes de animais domésticos, hospedeiros do toxoplasma. E, na gestação, a mãe exposta, uma vez contaminada, pode transmitir à criança que está sendo gerada, mesmo sem perceber nem ter sintomas.
Diz Eduardo Rocha que “essas formas são bem conhecidas e preveníveis e o diagnóstico se dá diante da suspeita por febre, mal-estar geral, gânglios pelo corpo e dores, e isso pode ser confirmado com sorologia, um exame de sangue. No pré-natal, esse é um exame de rotina muito útil para o acompanhamento de uma gestação saudável”. Ainda segundo Rocha, os antibióticos e o acompanhamento médico são muito importantes para confirmar o sucesso do tratamento e observar se a doença não se espalhou para os nervos ou para a visão. A toxoplasmose é uma doença mais frequente em regiões tropicais úmidas como o Brasil e estima-se que 60% da população adulta tenha sido exposta, tendo tido a doença ou a forma assintomática.
Engana-se, porém, quem pensa que a doença só se manifesta em regiões rurais, já que é frequente também nas grandes cidades. Um estudo recente, publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia pela oftalmologista Luciana Finamor e equipe, documentou um surto de toxoplasmose que atingiu 83 pessoas na cidade de São Paulo no início de 2019. Dessas, quase 5% tiveram manifestação ocular. “A partir desses casos e do grande número de resultados de sorologia positiva, foi feito um rastreio, que revelou a relação desses indivíduos com duas prováveis fontes de contaminação. Pelas características clínicas e demográficas, acredita-se que alimentos vegetais mal lavados foram a causa da exposição desse grande número de pessoas, quase ao mesmo tempo. Uma parte delas esteve num mesmo restaurante e o segundo grupo, em uma festa.”
Ao analisar os casos, os especialistas concluíram que os desfechos, bons ou ruins, poderiam ser minimizados com o diagnóstico rápido e o tratamento precoce para a toxoplamose. “Assim, todos nós precisamos saber e observar os cuidados na preparação de alimentos e pensar, em casos de febre, mal-estar, dores pelo corpo, também na possibilidade de toxoplasmose, mesmo vivendo em grandes cidades, porque se trata de uma doença que pode deixar complicações, principalmente em pessoas mais vulneráveis”, conclui o colunista.
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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