Relações parassociais explicam os motivos para o apego das pessoas a figuras públicas

Leila Tardivo destaca que essas relações fazem parte do desenvolvimento social e podem ser positivas desde que não afetem a vida pessoal dos sujeitos

 29/11/2023 - Publicado há 12 meses
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Os cenários e a felicidade projetados nas redes sociais nem sempre condizem com a realidade – Imagem: Freepik
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A sensação de proximidade com celebridades e figuras midiáticas sempre existiu na história. Ao acompanhar esses indivíduos por meio de canais midiáticos, é comum que as pessoas acreditem que, de fato, construíram uma espécie de amizade com aqueles que acompanham por meio das telas. Assim, com o fortalecimento das redes sociais, esses tipos de interações, conhecidos como “relações parassociais”, tornaram-se ainda mais frequentes na sociedade. 

Pesquisadores avaliam que, como o conteúdo produzido por essas celebridades é absorvido de forma única por cada um dos indivíduos, é comum que eles acreditem que, de fato, criaram uma relação única e próxima de celebridades. Esse fenômeno explica, dessa forma, os motivos pelos quais certa credibilidade é atribuída a pessoas famosas em propagandas publicitárias, por exemplo. 

Formação

Leila Tardivo, professora do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade de São Paulo, reforça que esse tipo de relação sempre existiu na vida dos indivíduos, sendo um fenômeno que, de certa forma, faz parte da vida de todos — principalmente dos mais jovens, já que o processo de amadurecimento envolve a busca pela identificação com outras pessoas, personalidades e estilos de vida. 

Leila Salomão Tardivo – Foto: Sites USP

“Quando não tinham as redes sociais, esse processo acontecia no jornal, nas revistas e em veículos que traziam as histórias de artistas do cinema e da música. Talvez isso seja mais intenso hoje, já que as redes sociais fortalecem esse processo”, explica Leila. Dessa forma, o ponto central dessa questão parece ser a necessidade de se tomar cuidado e de se compreender que, na realidade, uma relação de amizade não existe com essas personalidades. 

Dessa forma, a especialista considera que se entende que o processo de se vincular a heróis e indivíduos que transmitem a sensação de êxito, sucesso e beleza sempre existiu na história. Em alguns casos, até mesmo o sentimento de paixão pode ser desenvolvido com relação a essas figuras. “Isso é algo que pode acontecer, principalmente se as pessoas estão levando uma vida mais insípida e com mais dificuldades. Então, eu acho que é necessário destacar que isso faz parte do processo de crescimento em uma certa etapa da vida”, completa. 

Cuidados

Além disso, Leila destaca que esse período marca a vida dos indivíduos e está diretamente associado ao sentimento de nostalgia. Contudo, é importante diferenciar essa sensação da falta de capacidade de seguir a vida por uma falta de habilidade em encontrar os pontos de felicidade nas verdadeiras relações que são construídas. 

Por esse motivo, a especialista reforça o cuidado que deve ser tomado com a utilização das redes sociais, já que, muitas vezes, os cenários e a felicidade que são projetados nesses locais não condizem com a realidade. “A vida não é um mar de rosas, as dificuldades existem para todo mundo e, por isso, existe uma necessidade de viver a vida como ela é, com os fatores positivos, mas também com as dificuldades”, destaca a psicóloga. 

Por fim, a especialista afirma que cada caso é único e que nem sempre a formação dessas interações será prejudicial para a vida do indivíduo, sendo interessante acompanhar essas celebridades caso o indivíduo considere necessário, desde que isso não afete a sua própria vida, a sua existência e as relações com outras pessoas.

*Sob a supervisão de Paulo Capuzzo e Cinderela Caldeira


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