“Manhã com Bach” exibe “A disputa entre Febo e Pan”

Cantata reproduz conflitos entre gerações de músicos na Alemanha em meados do século 18

 27/07/2019 - Publicado há 5 anos
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O programa Manhã com Bach, transmitido nos dias 27 e 28 de julho de 2019 pela Rádio USP (93,7 MHz), apresentou a cantata Der Streit zwischen Phoebus und Pan, “A disputa entre Febo e Pan” (BWV 201), de Johann Sebastian Bach (1685-1750), na interpretação da Orquestra Barroca de Amsterdan e Coro, sob a regência de Ton Koopman.

Ouça nos links acima a íntegra do programa.

A cantata Der Streit zwischen Phoebus und Pan, “A disputa entre Febo e Pan” (BWV 201), foi escrita em 1729 e parece ter sido apresentada no concerto de estreia de Bach como diretor do Collegium Musicum de Leipzig, uma associação de amantes da música que se reuniam semanalmente no Café Zimmermann, em Leipzig, para apreciar essa arte. Bach dirigiu essa associação por cerca de dez anos, de 1729 até o fim da década de 1730. Não se trata, portanto, de uma cantata sacra, composta para ser ouvida na Igreja, mas sim de uma cantata secular, criada para a distração da burguesia de Leipzig.

Com 15 movimentos, 47 de minutos de duração e uma instrumentação riquíssima, a cantata tem letra do poeta alemão Christian Friedrich Henrici, mais conhecido como Picander, que foi o mais frequente parceiro de Bach na composição de cantatas em Leipzig. Ela é inspirada numa passagem do 11º livro de Metamorfoses, célebre obra do poeta romano Ovídio (43 a.C.-17 d.C.), que descreve uma disputa musical entre Febo ou Apolo, deus grego da música, e Pan, deus da natureza, segundo a mitologia greco-romana.

Mas a cantata não simplesmente reproduz o relato de Ovídio. Na verdade, o texto das Metamorfoses é um recurso que Bach utiliza para criticar a nova geração de músicos da sua época, que então começavam a se rebelar contra o estilo dos músicos mais velhos, entre eles Bach.

Sabe-se que em meados do século 18, na Alemanha e na Europa, ocorre uma disputa entre estilos musicais. Os músicos jovens criticam o que chamam de “caráter empolado, confuso e difícil” das obras dos compositores da geração anterior e reivindicam a criação de músicas mais simples e de fácil assimilação pelo público em geral.

É contra esses jovens músicos que se volta a cantata Der Streit zwischen Phoebus und Pan (BWV 201). Nela, Febo representa a antiga geração de compositores, da qual Bach faz parte, que quer elevar a arte musical ao mais alto nível, enquanto Pan personifica os jovens músicos, que desejam fazer uma música fácil, moldada ao gosto musical do público da época.

 

 


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