A queda do PIB brasileiro deste ano foi em função da pandemia e aconteceu mais fortemente em março e abril. Já a partir de maio começou uma boa recuperação, principalmente, em junho, julho e agosto. As perspectivas para a continuidade dessa recuperação para o próximo ano e os ajustes que serão necessários são os temas da coluna Reflexão Econômica desta semana, com o professor Luciano Nakabashi.
O professor lembra que já existem vários indicadores disponíveis de que essa retomada se manteve em setembro e, possivelmente, se manterá de outubro até o final do ano. Economistas projetam, diz ele, que a queda ao longo do ano, em relação a 2019, seja em torno de 5% ou pouco menos, a depender do processo de retomada, se será rápida ou não. “Temos esse cenário de início de retomada, com os setores investindo na reabertura, cuidando do distanciamento social, com a doença mais controlada, e não tem mais o que mudar em 2020.”
Já para 2021, diz o professor, alguns elementos, como a queda na Bolsa de Valores, o aumento do preço do dólar em relação ao Real e da curva de juros futuros indicam uma incerteza em relação à economia brasileira. “Temos dois problemas principais que estão sendo destacados pelos analistas econômicos como entraves para a continuidade da retomada econômica: o primeiro, o fim do auxílio emergencial e o segundo, a trajetória da relação dívida/PIB que está relacionada ao déficit orçamentário.”
Em relação ao primeiro ponto, o professor diz que foi fundamental a ajuda, tanto a empresas como a famílias mais vulneráveis, no momento de pandemia, uma questão social e de bem-estar da população. “É papel do governo auxiliar as pessoas menos favorecidas, principalmente nos momentos mais difíceis, mas a perspectiva é que serão retiradas a partir do próximo ano, pois é fundamental aliviar a pobreza, mas temos que criar condições para que isso seja feito.”
Sobre as perspectivas para 2021, o principal elemento, diz o professor, será controlar o crescimento da dívida em relação ao PIB, manter o teto dos gastos e fazer as reformas. É urgente uma reforma onde esses gastos, em partes, sejam desvinculados para dar mais flexibilidade para cortes e remanejamentos para áreas mais prioritárias, portanto, são fundamentais as reformas administrativa e tributária. “Quando olhamos para os anos 2000, a redução de pobreza foi grande e ocorreu muito mais via mercado de trabalho, criação de emprego e aumento de salário do que via Bolsa Família. Precisamos resgatar o crescimento econômico para resolver os problemas do País”, finaliza
Ouça no player acima a coluna Reflexão Econômica na íntegra.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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