Nesta sua primeira coluna do ano, Martin Grossmann se propõe a responder à seguinte questão: como avaliar a cena cultural pós-pandêmica? Ele cita uma pesquisa sobre hábitos culturais produzida pelo Datafolha em conjunto com o Itaú Cultural. “Essa pesquisa foi realizada no segundo semestre do ano passado e trouxe a público que o brasileiro retomou o consumo de cultura após a pandemia; no entanto, a desigualdade continua sendo uma barreira. Nas classes A e B, todas as pessoas entrevistadas dizem ter realizado alguma atividade cultural nos últimos 12 meses, enquanto na classe C o patamar é semelhante, com 98%; o número cai para 88% nas classes D e E. Houve um aumento significativo das experiências presenciais entre esses períodos, consolidando uma retomada dos hábitos pré-pandêmicos. Registrou-se, portanto, um aumento da oferta de apresentações e exposições de arte, correspondido por um aumento de visitação a centros culturais e museus. Houve também um crescimento no consumo cultural na virtualidade, como streaming de músicas, filmes e séries, bem como o download de podcasts, audiolivros e livros on-line.”
Na sequência de seu comentário, Grossmann oferece detalhes dessa pesquisa: “A atividade favorita dos brasileiros no streaming é a de consumir música (82% em 2023 e 80% em 2022) e produtos audiovisuais (74% em 2023 e 70% em 2022). Em relação a 2022, o consumo de podcasts teve um aumento de 6%, uma vez que foram citados por 48% dos entrevistados. A maior parte dos ouvintes desse produto se concentra na faixa de 16 a 24 anos. A leitura de livros on-line e e-books também cresceu: diante de 30% em 2022, 42% dos entrevistados em 2023 revelaram esse hábito cultural. Quem consome mais esses produtos são as mulheres, com 44% das entrevistadas diante de 39% dos homens. Os jovens são a faixa que puxa o consumo: 63% dos indivíduos têm entre 16 e 24 anos.
Já nas atividades presenciais, as apresentações de música, dança e teatro foram prestigiadas por 45% dos entrevistados, 27 pontos porcentuais a mais que os 18% verificados em 2022. O cinema foi citado como hábito cultural por 33% dos entrevistados em 2023, ante 26% em 2022; exposições e museus (26% em 2023 e 8% em 2022); centros culturais (19% ante 11%); teatro infantil (24% ante 18%); bibliotecas (14% ante 11%); seminários (17% neste ano, ante 13% em 2022); oficinas de criação para crianças (de 7% em 2022 para 10% em 2023); e saraus de poesia, literários ou musicais (de 6% para 12%).”
Segundo Grossmann, a escolaridade continua sendo um importante fator para se entender os hábitos culturais da população […] a pesquisa indica que os principais motivadores para participar de atividades culturais presencialmente são convivência e interação (28%); espairecer, distração, diversão e lazer (23%); adquirir conhecimento (20%); conhecer novos lugares (12%); estar com a família e os filhos (12%); e poder vivenciar novas experiências (11%).
A pesquisa indica também que as pessoas entendem que os hábitos culturais contribuem para uma melhor saúde mental.
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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