O professor Paulo Saldiva nos traz uma boa notícia em sua coluna. É que a cidade de São Paulo vem reduzindo os níveis de poluição do ar, apesar de ainda ter um bom caminho a percorrer, “mas, quanto mais baixo você tem que chegar próximo dos padrões de qualidade do ar sugeridos pela OMS, mais tempo vai tomar, mais tecnologia você vai ter que pôr e mais dinheiro nós vamos ter que gastar”, argumenta, antes de prosseguir em seu raciocínio. “O problema é que essa redução da concentração não se traduz necessariamente em uma redução da dose que cada um de nós inalamos, por força dos hábitos e de moradia.”
A equação é simples: quanto mais longe uma pessoa morar do seu local de trabalho, mais tempo vai ficar presa no corredor de tráfego e durante mais tempo vai inalar poluentes. Pela força do custo da moradia e do custo da construção, as pessoas acabam migrando para lugares cada vez mais distantes do seu trabalho. “Então, não é incomum que passemos horas aprisionados no trânsito, expostos à poluição, ou seja, o mesmo nível de poluição, por força dos nossos hábitos e necessidades, nos faz ter uma dose maior”, diz ele.
“A poluição nas regiões mais centrais da cidade equivale a você fumar, ao longo de um ano, de acordo com medidas realizadas por uma equipe da própria Universidade de São Paulo, cerca de dois a três cigarros por dia, mas, se você morar longe e tiver que passar horas no trânsito, isso pode aumentar para um número maior, quase que dobrar, então isso significa que a poluição do ar, para resolver o problema da saúde e da dose que inalamos, também passa por redistribuição dos empregos e também pela adoção de transporte público de massa e de baixa emissão, de tal forma que o nível de poluição das ruas e das grandes avenidas se reduza. Esse é um desafio que vamos ter que enfrentar”, finaliza o colunista.
Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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