Cientistas das universidades de Osaka e Kyushu, no Japão, conseguiram produzir camundongos com dois pais, ou seja, sem a contribuição materna. A partir de células retiradas da cauda de camundongos do sexo masculino, foram geradas células-tronco pluripotentes induzidas IPs (células adultas reprogramadas para se diferenciar em qualquer linhagem celular), que se diferenciaram em oócitos totalmente viáveis e que deram origem à prole após a fertilização.
Para produzir qualquer mamífero do sexo feminino, é preciso unir um oócito – a célula germinativa feminina -, que possui um cromossomo X, e um espermatozoide com um cromossomo Y. O óvulo fecundado com dois cromossomos X irá se desenvolver em um embrião do sexo feminino (XX). Se o espermatozoide com um cromossomo Y se unir ao óvulo, o resultado será um embrião do sexo masculino (XY).
Foram necessárias 630 tentativas para nascerem apenas sete animais, ou seja, uma taxa de sucesso de cerca de 1%. “Não sabemos como será a sobrevida desses animais ou a evolução deles a longo prazo, mas eles parecem saudáveis e são férteis”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP. “É importante lembrar que isso foi feito em camundongos e não sabemos se isso poderia funcionar em seres humanos. Entretanto, abre-se uma perspectiva que poderia ajudar em alguns casos de infertilidade.”
Um artigo com os detalhes da pesquisa foi publicado em março na revista Nature.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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