Pensar na vulnerabilidade de crianças e adolescentes em emergências humanitárias é crucial

Marcelo Nery comenta que o seminário do Núcleo de Estudos da Violência sobre o tema pode contribuir com políticas para melhor preparar os jovens para situações de tragédia

 08/11/2023 - Publicado há 1 ano
A sociedade precisa compreender a maior vulnerabilidade da parcela jovem de crianças e adolescentes diante de emergências – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Marcelo Nery – Foto: NEV USP

O Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, como Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), organiza uma série de seminários com o tema Proteção de crianças e adolescentes no contexto de emergência humanitária no Brasil. Os eventos serão semanais, com transmissão on-line pelo canal do YouTube do Núcleo de Estudos da Violência. A abertura será no dia 9 de novembro e os encontros continuarão até o dia 7 de dezembro. Para mais informações, acesse o site do NEV. 

Marcelo Nery, coordenador da Área de Transferência de Tecnologia do NEV, representante do Núcleo na OMS e um dos organizadores do evento, afirma que a importância do tema se justifica pela altíssima vulnerabilidade dessa parcela em situações de emergências. “Com dados, percebemos que, quando há ações preventivas envolvendo crianças e adolescentes nessas situações de emergências humanitárias, elas contribuem muito para a solução dos problemas”, comenta.

Centro Colaborador da OMS 

Desde o início da década de 1980, a OMS começou a iniciativa de convidar instituições de diversas áreas de conhecimento e pesquisa para contribuir com temas de alta complexidade, uma vez que os próprios membros da organização não seriam suficientes. Dessa forma, há uma maior base para lidar com as problemáticas de forma mais aprofundada e especializada. 

Nery explica que o NEV participa do Centro Colaborador da OMS desde os anos 2000 e que sua presença se destaca de outras, pois se trata de uma instituição voltada para a produção de conhecimento no campo de ciências humanas.  “Não é tão comum ter um centro colaborador que não seja da área da saúde, a Organização Mundial da Saúde normalmente está mais focada em questões relacionadas a razões sanitárias”, pontua o coordenador ao afirmar que o assunto tratado é muito mais amplo. 

Crianças e adolescentes

O impacto de tragédias humanitárias – como problemas sanitários, desastres ambientais e migrações compulsórias –  infelizmente, conforme o organizador do evento, tem estado cada vez mais presente no imaginário popular. Outra preocupação necessária é que a sociedade compreenda a maior vulnerabilidade da parcela jovem de crianças e adolescentes diante dessas emergências.

“Uma das principais preocupações que nós temos no Centro Colaborador é que as pessoas compreendam que, quando algo acontece, existem vários grupos envolvidos e, dependendo da característica de cada grupo, a vulnerabilidade muda, estamos preocupados com o grupo de crianças e adolescentes”, ressalta Nery. Para lidar com esse cenário, a série de seminários tem como principal objetivo refletir como as instituições podem realizar o diagnóstico e trabalhar com políticas para lidar com o antes, durante e pós-emergências humanitárias, tendo em vista as parcelas mais vulneráveis. 

Políticas de enfrentamento 

Medidas que transmitem maior conhecimento acerca de tragédias e suas circunstâncias para o público mais jovem promovem, segundo o especialista, além de maior preparo para lidar com as situações, uma redução dos impactos psicológicos. “Quando uma criança entende melhor o que está acontecendo, que é temporário e que existem causas e consequências e uma rede de apoio preparada para auxiliá-la, isso diminui muitos os impactos negativos”, avalia Nery. 

O seminário, portanto, agrupa uma série de convidados da Unifesp, Unicef, Médicos Sem Fronteiras, Cruz Vermelha e Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, a fim de traçar um diagnóstico com diversos pontos de vista e perspectivas para o futuro de curto, médio e de longo prazo. 


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