Parceria entre USP e empresas de energia vai desenvolver hidrogênio verde

A meta é descarbonizar setores como a siderurgia, indústria química e a própria geração de energia elétrica

 15/08/2023 - Publicado há 1 ano
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A  USP, em parceria com empresas do setor de combustíveis, está desenvolvendo uma tecnologia capaz de transformar etanol em hidrogênio verde, uma fonte de energia sustentável de baixíssima emissão de carbono. O etanol é esse que se encontra nos postos de gasolina, fruto de um programa enorme desenvolvido no Brasil chamado Proálcool (Programa Nacional do Álcool), e que é um exemplo para o mundo de energia muito mais limpa do que aquela gerada a partir do petróleo.

O projeto que nasce aqui na USP é fruto do investimento de R$ 50 milhões apoiado pela Shell Brasil, Raízen, Hytron, Toyota e o Senai, que assinaram um acordo de cooperação para desenvolvimento de plantas de produção de hidrogênio renovável (H2) a partir do etanol. A parceria tem como foco a validação da tecnologia através da construção de duas fábricas aqui na USP para a produção de hidrogênio renovável, que vai ser testado em ônibus que circularão pela Cidade Universitária.

Diferentemente da versão mais comum, que é produzida a partir de combustíveis fósseis, o hidrogênio verde leva esse nome por ser extraído de fontes renováveis – geralmente energia solar ou eólica. Diante da pressão global por soluções para a crise climática, o produto hidrogênio vem ganhando centralidade por conta do seu potencial para descarbonizar setores como a siderurgia, indústria química e a própria geração de energia elétrica.

Além de ser economicamente vantajosa, a tecnologia que está em desenvolvimento na USP permite capturar o carbono a partir do etanol, resultando em emissões negativas, principalmente se comparadas com o hidrogênio produzido a partir da energia solar ou a partir da água, como gosta de afirmar Júlio Meneghini, que é diretor do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa aqui na Escola Politécnica da USP.

O projeto tem futuro enorme. Só para dar um exemplo, o carro elétrico da Tesla, que é produzido na Califórnia, carrega cerca de 600 kg de bateria. O equivalente à energia dessas baterias seria apenas 27 kg de etanol. Em outras palavras, se o Brasil conseguir viabilizar esse motor elétrico mais eficiente que o motor de combustão,  sem esse problema do peso,  estaria aberta “uma avenida enorme” para recolocar o País na arena mundial. São conhecidas as rotas que tentam produzir o hidrogênio a partir da água. A Poli quer explorar rotas alternativas a partir do setor sucroalcooleiro brasileiro, que vai levar os veículos a emitirem água.

Todos nós sabemos que há uma corrida científica e tecnológica para ampliar a utilização do hidrogênio como energético para desenvolver tecnologias que diminuam a emissão de carbono com baixo custo. Um projeto na USP quer exatamente aumentar, ampliar a produção desse hidrogênio verde que é proveniente dessas fontes de energia renováveis.

Há anos a USP  faz um esforço para que a inovação esteja integrada na sua agenda e esse projeto é exemplo do potencial de nossos pesquisadores e da força do ecossistema USP de inovação. Ponto para a USP, que se abre ainda mais para a sociedade e atua como um laboratório avançado de todo o País.


Observatório da Inovação
A coluna Observatório da Inovação, com o professor Glauco Arbix, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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