Em sua coluna, Pedro Dallari faz referência ao golpe militar de 31 de março, a seu legado e ao impacto que teve na história do País. Para ele, é fundamental saber o que se passou e o que subsiste, levando em conta, sobretudo, que a maior parte da população não era sequer nascida no momento do golpe. Ele observa que as duas décadas de vigência da ditadura militar foram caracterizadas pela ausência de liberdade, pela supressão de eleições, pela concentração da renda e pelo completo desrespeito aos direitos humanos, com a repressão e o assassinato de opositores políticos.
“Infelizmente, quando da redemocratização do País, na década de 1980, a opção da elite política brasileira por evitar a exposição e o julgamento desse quadro de horror fez com que ele sobrevivesse, mesmo que de forma latente ou menos visível. A persistência da tortura como prática policial rotineira e, de forma mais extremada, a recente tentativa de golpe de Estado perpetrada pelo ex-presidente Bolsonaro e seus apoiadores demonstram o risco decorrente de qualquer forma de contemporização com a ditadura”, constata Dallari. Nesse contexto, ele relata que a Universidade de São Paulo tem feito a sua parte, com diversas iniciativas, para lembrar o golpe de 1964 e seus efeitos na sociedade.
“No próprio mês de março, o Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão, dedicado à Comissão Nacional da Verdade, conhecido na USP pela sigla NACE CNV-Brasil, promoveu no Instituto de Relações Internacionais um seminário internacional com o título “1964 a 2024: A Ditadura Brasileira em Perspectiva Histórica e Comparada”. Por meio de conferências, painéis e mesas de debate, renomados especialistas do Brasil e do exterior se dedicaram à análise do golpe militar e do período ditatorial, examinando-os sob diferentes perspectivas”. O site do NACE CNV-Brasil que registra em detalhes esse evento acadêmico é o: http://nacecnv-brasil.prceu.usp.br/. Cabe mencionar, também, a iniciativa da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) quanto à produção de um vídeo que registra uma série de ações decorrentes de recomendações do relatório da Comissão da Verdade da USP, que têm por objetivo a reparação às vítimas da Universidade atingidas pela ditadura instaurada pelo golpe militar de 1964: https://www.youtube.com/watch?v=bY8RlvYz8XQ&t=10s.
“São realmente iniciativas muito importantes, pois o reforço e preservação da memória histórica é a forma mais eficaz para se evitar que uma ditadura volte a existir no Brasil”.
Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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