O assunto desta semana do professor José Eli da Veiga são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), assunto sobre o qual surgiram, segundo ele, novidades “surpreendentes ou até talvez preocupantes”. Isso porque, em abril, ele havia proposto que já se começasse a pensar na Agenda 2050 dos ODS e não na agenda 2030. “Em abril, quando levantei essa questão, eu fiz uma sugestão de que a Unesco começasse a puxar – independentemente dos órgãos da ONU que irão depois, de fato, conduzir -, a minha ideia era de que a Unesco podia se antecipar. Então, de certa forma, essa ideia foi atropelada agora em junho, porque surgiu uma preocupação na comunidade científica em relação a essa reunião que haverá em setembro, convocada pelo secretário da ONU, António Guterres. Ele está pensando, independentemente da agenda 2030, que em setembro seria possível escolher um número pequeno de indicadores e metas, que houvesse um grande consenso em torno deles e que isso seria mais efetivo nesses próximos anos.”
A partir daí, houve uma reação por parte de vários pesquisadores, que chegaram a escrever um artigo na Nature, que depois teve o apoio de um editorial da publicação. “O que eles estão querendo é o contrário, garantir, desde já, que ninguém vai mexer na Agenda 2030, que ela vai ser simplesmente prorrogada. O que não me parece uma ideia boa, ao contrário, eu preferiria a proposta que eu citei no início, que foi feita em abril, de um processo – que venha ser a Unesco ou não que conduza – em que a comunidade científica começasse a se mobilizar desde já para pensar numa Agenda 2050, que seria diferente da Agenda 2030, não seria uma espécie de simples prorrogação como eles estão chamando. Enfim, uma dúvida preocupante”, conclui ele.
Sustentáculos
A coluna Sustentáculos, com o professor José Eli da Veiga, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção na Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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