O jornal The New York Times realizou uma enquete com seus colunistas a respeito das manifestações culturais para ajudar a entender os Estados Unidos contemporâneo. Foram 17 sugestões onde o professor Martin Grossmann destaca ser esse um exercício fascinante de pensar o que hoje, na atualidade, nos representa culturalmente.
Neste universo de 17 indicações, merece destaque um reality show competitivo muito popular naquelas bandas: o Survivor. “Cito também o South Park, que é um desenho animado (um sitcom) destinado ao público adulto, uma sátira. É quase tão popular como Os Simpsons. Gera muita polêmica ao fomentar uma narrativa recheada de humor negro, crueldade e lances surreais. Está centrado em quatro personagens, crianças, e em suas bizarras aventuras na cidade-título do programa. Senti falta do House of Cards, mas isso deixo para um outro momento.”
Ainda no universo das séries capitaneadas pela indústria do entretenimento produzido para o mercado da média em streaming, cabe destacar o drama Breaking Bad que, como menciona o jornal, é excepcional por capturar outros excepcionalismos “norte-americanos”.
Antes da febre do streaming, nesse mesmo espírito, o filme magistral de Quentin Tarantino Pulp Fiction está também nessa lista. Hollywood adora histórias de segundas chances, como enfatiza o NYT, mas nenhuma é tão sutil, vívida ou implacavelmente inventiva quanto este clássico da sétima arte, lançado em 1994, complementa.
Um outro filme que desponta desta lista é Ela, de Spike Jonze, uma ficção científica que retrata o nosso tempo real tendo como protagonista um melancólico cidadão que se apaixona por uma IA chamada Samantha, que personifica o sistema operacional de seu smartphone, para, logo em seguida, se tornar sua assistente pessoal. No entanto acaba tornando-se sua amiga e musa, transforma-se em sua amante e companheira. Vale a pena assistir para que você tire as suas próprias conclusões.
Mas não é apenas a imagem em movimento que mereceu destaque. Há um clássico da literatura como O Grande Gatsby, de Scott Fitzgerald, e também a música Dark Was the Night, Cold Was the Ground (Escura Estava a Noite, Gelado o Chão), na versão de Willie Johnson, de 1927. Aqui vale a pena citar o próprio colunista: “Não vamos fingir que estamos vivendo bons momentos. Se quisermos entender os Estados Unidos, vamos mergulhar de cabeça nas piscinas escuras da dor social que está na base de nossa amargura e divisão. Como trilha sonora, para nos ajudar a sentir o que realmente deveríamos estar sentindo, indico a versão de Blind Willie Johnson, de 1927, de Dark Was the Night, Cold Was the Ground. Johnson está tocando sua guitarra slide de uma forma que você nunca ouviu uma guitarra tocar, e ele não está realmente cantando, mas sim cantarolando, gemendo e entoando. Há poucas palavras, apenas declarações verbais de sofrimento (… )“.
O professor destaca que há correspondências com a condição brasileira contemporânea, mas será preciso deixar esses comentários para a próxima coluna. “Nesse meio tempo, temos a possibilidade de trazer as nossas próprias escolhas em se tratando do Brasil, este outro país que foi se desvelando, eu diria, à partir das manifestações de junho de 2013, há dez anos, e que estão sendo relembradas em livros e debates na Universidade e fora dela.”
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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