Quais são os impactos das unidades de conservação do ponto de vista das comunidades e de indicadores socioeconômicos? Essa é a pergunta principal que rodeia o projeto Parsec: “Construindo novas ferramentas para compartilhamento e reutilização de dados por meio de uma investigação transnacional de os impactos socioeconômicos das áreas protegidas”.
O projeto, que tem como propósito o compartilhamento em tempo real de dados para melhorar os resultados das pesquisas e o compartilhamento e reutilização dos dados, visa a usar as tecnologias para melhor cuidar e gerir áreas de conservação ambiental.
Por meio da coleta, análise e armazenamento de dados entre cientistas é possível fazer projeções sobre a situação social e econômica de áreas de conservação. Por isso, o projeto conta com dois times: o de ciência de síntese e o de ciência de dados. O primeiro tenta compreender os dados coletados para prever e mitigar os efeitos que ameacem o bem-estar e a existência de povos indígenas. O segundo fica responsável por desenvolver práticas de bom uso e reúso dos dados coletados, que servem tanto para o projeto quanto para toda a comunidade científica.
“No caso específico desse projeto, nós estamos trabalhando com dados de imagens de satélites coletados em vários países. Nós temos agregado imagens de satélite de alta resolução e utilizando essas imagens e fazendo associações com indicadores socioeconômicos disponibilizados pelas instituições que fazem coleta de dados”, elucida o professor do Departamento de Computação e Ciências Digitais da Escola Politécnica, Pedro Luiz Pizzigatti.
“Através de técnicas de aprendizagem, a gente estabelece a correlação entre essas imagens. Com isso, conseguimos criar regras para que a gente possa fazer projeção para o futuro (…), como também avaliar, possivelmente, como eram antigamente, quando talvez a gente não tinha esses dados disponíveis”, diz.
Esses levantamentos e projeções são possíveis graças a recursos tecnológicos e o cruzamento entre imagens de alta resolução coletadas por satélites em vários continentes e fatores socioeconômicos.
Também ressalta a importância da ciência aberta: desenvolver pesquisas de maneira a compartilhar e, ao mesmo tempo, disponibilizar novos dados. “Quando nós temos questões científicas que são globais e que envolvem vários países, nós precisamos de novas estratégias para desenvolver pesquisa colaborativa, envolvendo várias disciplinas, vários pesquisadores e várias nacionalidades”, explica o professor.
Para que esse processo de coleta, armazenamento e projeção sejam possíveis, os dados têm que passar por uma avaliação: “Uma das questões que a gente desenvolveu nesse projeto de pesquisa é avaliar o quanto esses dados que estão disponíveis são adequados do ponto de qualidade para gerar resultados que sejam úteis para definir, por exemplo, políticas públicas”, complementa.
O projeto
O Parsec já tem três anos de desenvolvimento e, até o momento, conseguiu atingir 80% de precisão nos dados, afirma o professor. Com patrocínio da Fapesp e de outras entidades da USP, conta com um time de pesquisadores internacionais vindos da França, Japão e Estados Unidos, além da cooperação de instituições da Austrália e do Reino Unido e de organizações internacionais. Além de imagens de satélites, a iniciativa também utiliza tecnologia que associa imagens do Google Street View para gerar dados de fatores socioeconômicos.
A Escola Politécnica da USP promoverá um workshop para divulgar experiências e resultados em ciência de síntese e ciência de dados. O propósito é disseminar conhecimento em análise, gerenciamento e visualização de dados e é aberto a todos que queiram se aprofundar mais no assunto.
O evento vai de 3 a 6 de outubro, das 8h30 às 17h, na Poli. Também terá transmissão pelo YouTube. Para saber mais sobre, acesse: https://www.poli.usp.br/evento/vi-workshop-on-data-science-vi-wds-3-a-6-de-outubro-de-2022 Jornal da USP no Ar |