IBGE aponta queda no número de nascidos, o que pode gerar impacto na Previdência Social

Segundo especialistas, a tendência é de uma crise na Previdência Social, com a queda no número de jovens e o aumento  de idosos fora do mercado de trabalho

 24/08/2023 - Publicado há 1 ano
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A queda no número de nascimentos deve implicar no mercado de trabalho a médio e a longo prazo –  Fotomontagem Jornal da USP – Fotos: Freepik
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Os dados  divulgados pelo IBGE sobre a queda de nascidos no País não surpreenderam os pesquisadores.  O declínio já vem se acentuando há pelo menos quatro décadas. Só para ter uma ideia, somos 203  milhões de brasileiros, número bem inferior aos 214 milhões previstos inicialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

As estatísticas revelam algumas tendências em pequenas cidades. A urbanização contínua progressiva e a queda na formação de famílias mostram que esses municípios devem perder população, segundo o professor Adrian Lavalle, vice-diretor e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) e professor do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. 

Adrian Lavalle

O crescimento das grandes cidades brasileiras continua em alta, mesmo com a perda de população. Apesar de muitas pessoas deixarem os grandes centros, sempre têm outras que estão chegando nessas localidades. Trata-se  de “municípios com concentrações urbanas”, como denomina o IBGE.  São Paulo é um desses casos. 

Um fato identificado  nos dados do IBGE é que houve um grande crescimento populacional nas cidades da região metropolitana e periferias, em contrapartida aos grandes centros. A principal razão é o alto custo para viver – alimentação, moradia e transporte.  Trata-se do adensamento (versus) verticalização.  

Essa queda no número de nascimentos com certeza deve implicar no mercado de trabalho a médio e a longo prazo.

Impacto nos serviços públicos

O economista e professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, avalia que entre os  pontos positivos dessa queda da taxa de natalidade está o baixo impacto nos serviços públicos.

Paulo Feldmann – Foto: FEA-USP

Entre os  pontos negativos, o foco fica na  Previdência Social, um dos mais agravantes do Censo.  A tendência é de uma crise na Previdência Social,  com a queda no número de jovens e o aumento  de idosos fora do mercado de trabalho. 

É importante destacar a estimativa da ONU para 2050: 22% da população mundial deve ter mais de 60 anos de idade, ou seja, é preciso implantar políticas públicas para atender a essa demanda, como os serviços médicos.  No futuro, é possível que o Brasil volte a ter um peso significativo no mercado de trabalho de imigrantes para cobrir esse vazio que deve surgir na mão de obra. Atualmente,  200 mil bolivianos vivem em São Paulo, isso sem falar dos venezuelanos que estão em Roraima.

Feldmann vai além e alerta para a mudança no mercado de trabalho na pós-pandemia: “máquinas e equipamentos eletrônicos estão substituindo pessoas” avalia. 

Os setores de indústria e serviços devem passar por uma grande transformação, como já vem ocorrendo em bancos,  supermercados e comércios. Esse quadro de queda na natalidade é praticamente irreversível, principalmente no Hemisfério Norte, onde já está estabelecida, como é o caso do México.


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