Estudo mostra que chuvas intensas causam danos à saúde mental e física

Regiões mais adensadas, com moradores de menor nível socioeconômico, são localidades onde onde esses efeitos são observados com maior intensidade

 Publicado: 10/03/2025 às 8:45

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Nesta edição de sua coluna, o professor Paulo Saldiva trata do efeito das chuvas e inundações sobre a saúde das pessoas, graças sobretudo a um estudo que, usando centenas de cidades de todos os continentes, mediu essa relação. “O que se viu é que chuvas leves reduzem o risco de adoecimento, porque você tem uma redução da poluição e o aumento da umidade relativa. Mas, quando você tem chuvas torrenciais, chuvas mais intensas, acontece o inverso. Você tem, além das perdas de vida e lesões causadas pela inundação propriamente em si, pelos deslizamentos, existe um período de até 60 dias onde aumenta a mortalidade por causas gerais e a mortalidade por doenças respiratórias e cardiovasculares”, esclarece ele. “Tem mais um componente: não só a intensidade da chuva, mas a sua frequência. Todos nós sabemos que as chuvas intensas estão aumentando a frequência e isso faz com que, quando tem uma chuva daqui a dois anos, você está se recuperando daquela do ano anterior. E isso significa que não só a intensidade, mas o aumento da frequência das chuvas, compromete a saúde das pessoas que são diretamente afetadas por elas”.

Esses efeitos são observados com maior intensidade nas regiões mais adensadas, justamente as mais pobres e com menor nível socioeconômico. “As chuvas estão se deslocando da periferia e chegando cada vez mais dentro das cidades, pela ilha de calor, que cria como se fosse uma bomba aspirante que promove esses choques de nuvens com diferentes temperaturas e a gente agora consegue mostrar que isso não acaba  quando parou a chuva. Ele continua 260 dias e aumenta com a frequência. Bom, esse é mais um tema para refletirmos, porque temos duas coisas a fazer: uma de curto e médio prazo, que é aumentar a resiliência urbana a chuvas. Drenagem, áreas verdes, áreas permeáveis, que também vão combater as ilhas de calor. E, de outra parte, temos que pensar no cenário internacional, onde me parece as coisas estão complicadas neste ano. Vamos ver o que sai na próxima COP, em Belém, e vamos torcer para que a gente tome jeito. Jeito tem, mas nós temos que começar a agir agora”.


Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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