Equilibrar as contas públicas sem esquecer os vulneráveis é o desafio do governo

Luciano Nakabashi diz que, a curto prazo, o Brasil precisa retomar a economia sem gerar crise fiscal e, a longo prazo, investir em educação de qualidade para diminuir a desigualdade de renda

 22/07/2020 - Publicado há 4 anos

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A pandemia causada pelo novo coronavírus tem afetado diversos países, mas de formas diferentes, por isso os desafios do governo federal é cuidar dos mais vulneráveis, com atenção para as contas públicas. Esses são os temas da coluna Reflexão Econômica desta semana, com o professor Luciano Nakabashi. No Brasil, especialmente, diz o professor, os mais afetados pela pandemia são os mais pobres, e por diversos motivos. O primeiro deles em relação ao mercado de trabalho, pois dados do IBGE mostram que os trabalhadores menos qualificados são os mais atingidos pelo desemprego, afastamento do trabalho e afastamento sem remuneração. O segundo motivo, diz o professor, é em relação à covid-19, pois são as pessoas que mais se expõem em aglomerações. “Essa exposição está ligada ao fato de terem atividades de maior contato com o público, com profissões que dependem do fluxo de pessoas, como ambulantes, manicures, empregadas domésticas. E, ainda, por terem menos acesso à informação e aos serviços de saúde, afetam o comportamento dessas pessoas em relação ao uso da máscara”, ressalta Nakabashi. Já os mais escolarizados, diz o professor, geralmente trabalham em áreas administrativas e conseguem fazer o trabalho remoto, com menos contato com o público externo.

Para aliviar essa situação o professor enfatiza as ações necessárias. Uma que o governo já colocou em andamento é o auxílio emergencial, para as empresas conseguirem manter os funcionários e para as pessoas de baixa renda conseguirem se manter. A longo prazo, diz Nakabashi, é fundamental o acesso à educação de qualidade, pois o País precisa investir na formação e na acumulação do capital humano para reduzir a disparidade de renda entre as pessoas. Outra questão muito importante, segundo o professor, é olhar o processo de normalização, pois os auxílios são importantes, mas têm um efeito muito grande na questão fiscal do governo. “A estratégia agora é pensar na retomada da economia, paralelamente à retirada desses auxílios, para se evitar uma segunda crise, só que fiscal”, alerta.

A estimativa da dívida pública brasileira em relação ao PIB era de quase 80% e até o final do ano de 2020 ficará em torno 100%. “O desafio do governo é retomar a economia com controle das suas contas, já a partir do segundo semestre de 2020, para que em 2021 sejam restabelecidas as regras do teto de gastos. O processo de retomada de interação entre as pessoas e da economia é fundamental nesse sentido. Devemos retomar as atividades, fornecer renda, principalmente para os mais vulneráveis, sem colocar em risco a saúde das pessoas e aliviando também a parte fiscal”, finaliza.

Ouça no player acima a íntegra da coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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