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A eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para mais um mandato presidencial representa o retorno do Brasil à política e à democracia. É o que afirma o professor Renato Janine Ribeiro em sua coluna desta semana. “É um retorno à democracia porque estes últimos anos viveram uma série de iniciativas que visavam a destruí-la ou reduzi-la, muito parecido com o que Donald Trump fez nos Estados Unidos. Lá, a pretexto de garantir a honestidade na votação, Trump e os republicanos fizeram todo o possível para privar do direito de voto negros e pobres, pessoas que não votariam nele. Penso que o que aconteceu na ação da Polícia Rodoviária Federal, no dia do segundo turno das eleições, foi um exemplo disso: tentar impedir eleitores de Lula de irem até as urnas, o que é absolutamente inaceitável em um regime democrático”, afirma Janine. “E também é um retorno à política, porque a vitória de Bolsonaro em 2018 foi, em grande medida, um êxito da não-política, da antipolítica – algo que começou como anti-PT, mas acabou se tornando uma recusa aos políticos em geral, o que sempre é péssimo. O fato de muitas pessoas serem contra o que veem como corrupção, egoísmo, distanciamento dos políticos com relação à sociedade, o fato é que sem política as coisas são piores. Os problemas políticos só podem ser resolvidos pela política. Esse é um aprendizado duro, mas importante, que as pessoas têm que aprender”, acredita o colunista. “Empiricamente, o que eu noto é que pessoas que falam que todos os políticos são ruins, que não vale a pena votar neles, têm um talento espantoso para votar nos piores. Escolhem realmente a dedo quem é muito ruim”, garante o  professor.

Segundo Renato Janine, a vitória de Lula traz de volta uma discussão política, o que implica também respeito ao outro, com direita e esquerda respeitando uma à outra e se alternando no poder. “Isso é muito importante. Esse é o ponto crucial do governo que chegará a partir de janeiro”, afirma o colunista. Mas ele faz uma ressalva quanto à divisão que o Brasil está vivendo. “A divisão do País é muito grave. Mas não porque são dois polos opostos ou porque existe uma polarização entre dois extremos. Nós temos um extremo, que é a extrema-direita, que ficou muito forte. Ela, essencialmente, incita preconceitos, nega a legitimidade do outro, tenta desmantelar o outro, faz atentados – até mesmo usando a força bruta. Tudo isso são traços da extrema-direita. Por isso, acho muito importante chegarmos a uma situação de equilíbrio no País, algo que pode agora começar”, afirma o professor. “Isso, sem se falar nas opções políticas importantes que vamos ter de agora em diante para recompor a educação, recompor a ciência, recompor a saúde. Espero que a situação brasileira melhore”, conclui ele.