Em tempos bipolares, como define Martin Grossmann, vale uma reflexão. “Em 2005, pesquisadores sequenciaram o genoma do chimpanzé. Ficou constatado que nós, humanos, compartilhamos cerca de 99,6% de nosso DNA com os chimpanzés, fazendo deles nossos parentes vivos mais próximos”, explica o colunista em Na Cultura, o Centro Está Em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima). “No entanto, em artigo publicado na revista Science, em 18 de junho de 2012, compartilha-se a notícia que uma outra espécie de macaco, os bonobos, igualmente relacionada a nós, humanos, também alcançou semelhante marca.”
Ou seja, “existem, na verdade, duas espécies de chimpanzés que estão intimamente relacionadas aos humanos: os bonobos, Pan paniscus, e o chimpanzé comum, Pan troglodytes, embora esse termo seja usado principalmente para a maior das duas espécies, P. troglodytes”, continua o professor. Os pesquisadores também descobriram que os ancestrais dos humanos se separaram do ancestral dos bonobos e chimpanzés há mais de 4 milhões de anos”.
Daí vem o questionamento: E nós, humanos? Estamos mais para bonobo ou chimpanzé? “Para o primatologista e etólogo holandês, Frans de Waal, professor da Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, os humanos têm um pouco dos dois, como as tendências territoriais e agressivas dos chimpanzés, que muitas vezes são úteis para nossa proteção, e também uma ótima habilidade de resolver conflitos e cooperar com os outros, características advindas dos bonobos.”
Grossmann cita o livro de Waal, Eu Primata, lançado em 2005. O etólogo acredita que, no nível biológico, celular, o homem é essencialmente egoísta, como qualquer animal: é competitivo e só pensa em seus interesses. Mas psicologicamente, não. Argumenta que o homem herdou tendências positivas, de cooperação e socialização, que explicam porque temos moral. E completa: “A moral humana não foi inventada há 2 mil anos. Ela vem evoluindo, e os traços podem ser vistos em outros primatas”.
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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