Na última semana, uma representante da Organização Mundial da Saúde, a epidemiologista Maria Van Kerkhove, declarou que a transmissão do coronavírus por pessoas que não manifestam sintomas “é muito rara”, com base em estudos de Singapura, país que tem adotado rigoroso rastreamento de contatos. No dia seguinte, a representante da OMS voltou a se pronunciar e reconheceu que alguns modelos estimam uma taxa de transmissão de 40% no caso de pacientes assintomáticos.
O colunista Paulo Saldiva compartilha que, na realidade, os artigos utilizados como base da declaração indicam o contrário: “Mesmo antes do desenvolvimento de sintomas as pessoas que desenvolvem a doença clínica covid-19, cerca de dois a três dias antes, já eliminam vírus em quantidade suficiente para contaminar pessoas a seu redor, e recomendam então testagem em massa para que se contenha a epidemia, porque se você só for isolar essa pessoa depois que ela tiver sintomas, você não vai conseguir evitar a transmissão que ela possivelmente causou dois a três dias antes dos sintomas aparecerem”.
Outro caso que pode levar ao equívoco são as pessoas que desenvolvem anticorpos da doença. Dependendo do país, a taxa de anticorpos pode variar, mas o que não se sabe é se essas pessoas que não desenvolveram a doença ao longo do curso natural da infecção pela covid-19 poderiam ter contaminado outras pessoas. Para o colunista, o equívoco pode ter sido uma estratégia para desvalidar o isolamento: “O que era uma discussão de uma sutileza técnica passou a ser um tempo em que a ignorância tem uma força epidêmica e foi interpretado por ignorância ou por interesses políticos ou econômicos”.
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Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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