Artigo publicado recentemente na Revista Nature abriu uma discussão sobre projetos de pesquisas escritas pelo ChatGPT. O texto, escrito por Juan Manuel Parrilla, comenta que cientistas já estão usando a plataforma para submeter projetos com o objetivo de captar recursos das agências financiadoras.
“Além de usar uma linguagem superior a qualquer um de nós, ele pode realizar uma busca sobre tudo que está relacionado à nossa proposta em poucas horas, o que nos levaria dias”, afirma Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP. “Como julgar a capacidade da pessoa que está submetendo o projeto de coletar dados relevantes e integrar pesquisas anteriores com os objetivos propostos? Como as agências financiadoras irão comparar diferentes candidatos?”, questiona.
A geneticista lembra que, no passado, os conhecimentos médicos estavam em livros ou compêndios guardados nas bibliotecas onde só os médicos tinham acesso. A palavra do médico era soberana. “Com o aparecimento da internet e do Google, qualquer um pode ler tudo que está disponível nessas plataformas. O desafio é separar o joio do trigo, o que tem base científica e o que é bobagem, o que nem sempre é fácil”, relata. “Mas, com o ChatGPT, a vida do médico será ainda mais difícil. Enquanto ele explica o que se sabe sobre aquela doença ou condição, o paciente com o celular na mão poderá checar todas as informações em tempo real.”
Há ainda implicações na genética. Segundo relata Mayana, como o nosso genoma também estará no computador, o ChatGPT rapidamente selecionará qual é a melhor medicação para o nosso problema, de acordo com nossos dados genômicos e também em que dosagem ela deverá ser tomada levando em conta a velocidade individual para metabolizar a droga. É um mundo novo ao qual a medicina terá que se adaptar a uma velocidade cada vez maior”.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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