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Renato Janine Ribeiro fala nesta sua coluna sobre a ética na política, um dos temas que, segundo ele, mobilizam o Brasil desde o momento em que o presidente Fernando Collor de Mello foi acusado de corrupção e acabou sendo afastado por impeachment. Foi um momento de júbilo na sociedade brasileira, que deu total apoio ao processo. A vida política brasileira também assistiu ao impeachment de Dilma Rousseff, que, ao contrário do que sucedeu no impedimento de Collor, “rachou a sociedade brasileira”, um cisma cujos efeitos são sentidos até hoje. “Na ocasião, o que chocou mais a população foi a corrupção entendida como o furto do Tesouro público, quer dizer, corrupção entendida como uma forma de roubo, de furto, de crime contra a propriedade. Essa é a ideia que a maior parte das pessoas tem da corrupção.”

No entanto, Janine observa que a questão ética na política não é só uma questão de não roubar ou de não desviar dinheiro público, “isso existe, é importante, mas está ligado também à questão de que é absolutamente indigno você, num país com tantas potencialidades como o Brasil, ter o nível de pobreza, de indignidade social e de fome”. É fato, contudo, que as pessoas podem contribuir para amenizar essa situação e um dos meios para conseguir tal objetivo está na participação política. “O candidato ou o partido que eu estou apoiando fará alguma coisa para a redução da miséria e da fome ou não? Ele vai continuar defendendo privilégios de uma minoria ou ele vai procurar que todos tenham igualdade de oportunidades? Não estou falando necessariamente de igualdade do que cada um tem, igualdade no ponto de chegada. Estou falando de igualdade no ponto de partida, que é uma coisa que o Brasil não tem e que é o traço mínimo de uma sociedade liberal, eu estou falando de sociedade socialista, estou falando de sociedade liberal, o liberalismo de verdade, da igualdade de oportunidades, é o ponto de partida de uma sociedade digna; podemos ir adiante, mas sem isso não vamos chegar a lugar nenhum.”