Verticalizar ou não bairros em São Paulo tem se transformado em tema central no debate público da cidade. O tema ultrapassou os círculos de urbanistas e incorporadoras – e seus representantes – para alcançar outros públicos, em um debate polarizado em torno de uma questão central: a verticalização seria sinônimo ou não de democratização do acesso aos locais que concentram maior qualidade urbanística?
O LabCidade produziu uma cartografia usando dados do Censo Demográfico do IBGE (2010), que sobrepõe a distribuição da população por tipo de domicílio em apartamento e a distribuição da população negra (pretos e pardos). O mapa distribui os setores censitários em uma escala cromática: quanto mais vermelho, mais vertical e menos negro; quanto mais amarelo, mais horizontal e menos negro; quanto mais verde, mais horizontal e negro e quanto mais roxo, mais vertical e negro.
O mapa também mostra que a presença da população negra em imóveis verticais é mais forte nos chamados “predinhos”, como são denominados os empreendimentos habitacionais construídos por meio de políticas públicas (produzidos ao longo da história em programas do BNH, Cohab, CDHU, Cingapura) nas periferias.
A verticalização aparece mais uma vez associada à segregação racial, desta vez produzida pelo Estado como forma de distanciar os territórios populares das áreas ricas – e brancas – da cidade.
A pergunta que fica é: “Qual é a política capaz de democratizar o espaço?; certamente não é simplesmente aumentar o potencial construtivo”, finaliza a colunista.
Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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