Martin Grossmann da sequência à exploração da cidade contemporânea por meio de uma seleção de audiovisuais, a exemplo do que já fizera em sua coluna anterior. A ideia é a de buscar referências de representação cultural metropolitanas em diferentes linguagens estéticas, “que, por sua vez, são produzidas e exploradas de distintos modos”. No cinema, Grossmann cita olhar periférico em filmes como Faça a Coisa Certa (1989), de Spike Lee, ou o nacional Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, os quais, por sua vez, levam a outros referenciais como os neorrealistas Roma, Cidade Aberta (1945), de Roberto Rossellini ou o Ladrão de Bicicletas (1948), de Vittorio De Sica, sem esquecer de mencionar as produções nacionais assinadas por Nelson Pereira dos Santos: Rio 40º Graus (1955) e Rio, Zona Norte (1957).
“O que quero ressaltar hoje são as produções mais recentes, que trazem a presença da periferia no interior das centralidades de uma cidade, causando marcante desconforto nesse contexto, desvelando, entre outros, o racismo estrutural, as idiossincrasias e os paradoxos dessa sociedade. Filmes como o da brasileira Anna Muylaert, Que Horas Ela Volta?, de 2015, ou dos argentinos Gastón Duprat e Mariano Cohn, O Homem ao Lado, de 2009, são referenciais nesse sentido. Em ambos, a monocultura do Modernismo e seus mitos é atravessada e desconstruída pelo protagonismo do outro, do periférico, da alteridade.”
Grossmann finaliza sua coluna com o que ele considera um marco: “A megaprodução de lançamento do álbum AmarElo, de Emicida, ocorrida no Teatro Municipal em novembro de 2019, um pouco antes da pandemia, que virou filme disponível na Netflix. Esse multiartista e ativista enfatiza que, em suas palavras, ‘isso aqui é o resultado do sonho coletivo de muita gente. Essa conquista é o que anistia o espírito de quem veio antes de nós e sofreu’”.
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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