Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), até o final de 2015, foi registrado um total de 65 milhões de pessoas deslocadas por conta de guerras e conflitos*. O recorde negativo representa um aumento de quase 10% em relação ao ano anterior, e é tema do debate entre o professor Paulo Borba Cassela, livre-docente em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo, e a professora Deisy de Freitas Lima Ventura, do Instituto de Relações Internacionais da USP.
A Síria é a nação que mais produz refugiados no mundo, resultado da guerra civil em que está mergulhada. Cerca de 4,9 milhões de cidadãos já fugiram do país em seis anos. Por outro lado, os professores apontam a importância de se olhar para a Turquia, o Irã e a Etiópia — que estão entre os Estados que mais recebem esses migrantes por necessidade. Por conta de uma informação concentrada na Europa e na América, acredita-se que a crise dos refugiados se restrinja às grandes potências; no entanto, 86% dos deslocados forçados encontram-se nos países em desenvolvimento.
Outro aspecto apontado na discussão é a relação entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e os fugitivos. Muito da crise ocorre por conta de problemas governamentais, ocorridos dentro das nações, os quais, muitas vezes, são atribuídos como falhas da ONU.
O respeito da sociedade com os refugiados também foi pauta do Diálogos. Segundo a professora Deisy Ventura, a sociedade precisa enxergar que o cidadão fugitivo de sua terra natal está em sua última tentativa de vida, e que ninguém se refugia por gosto — o fenômeno surge de uma extrema necessidade.
Para finalizar, os professores abordaram o vínculo entre os emigrados e o Brasil. Os participantes debateram acerca da Lei de Migração, lançada no início de 2017, a qual contou com grande fomento da USP.
O programa Diálogos na USP – Os Temas da Atualidade vai ao ar ao vivo, sempre às sextas-feiras, às 11 horas, pela Rádio USP. Confira o áudio na íntegra acima:
*Segundo o professor Paulo Borba Cassela, o levantamento da Acnur não leva em conta um número considerável de refugiados — aqueles que deixaram seus países por conta de desastres naturais, os refugiados ambientais.