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O professor e cientista político José Álvaro Moisés demonstra, nesta sua coluna, preocupação com o futuro da democracia ao redor do mundo, ao citar pesquisas e avaliações de instituições internacionais que apontam que, em vez de avançar, a democracia está enfrentando um recesso, a ponto de alguns autores referirem-se a isso como uma recessão do processo de avanço da democracia, enquanto outros usam termos como desconsolidação desse regime político. “O que está em questão”, diz o colunista, “é que, em muitos países, lideranças políticas chegaram ao poder através de eleições e, a partir desse processo, estão utilizando os meios democráticos para derrubar uma série de princípios fundamentais da democracia, um dos quais, mais importantes, é o que diz respeito à liberdade de expressão”. Ele também destaca como uma ameaça à saúde da democracia as iniciativas de autocracias, “a autocratização de muitos países do mundo vai na direção de tornar as eleições um instrumento, de tal modo que aqueles que estão no poder fazem as eleições, apoiam as eleições, mas se utilizam desses mecanismos ou para permanecer no poder, sem dar oportunidades legais, legítimas, para que a oposição possa superá-los, e utilizar o poder inclusive para benefícios dos seus grupos de facções aos quais são ligados”. Para Álvaro Moisés, isso significa uma séria ameaça a que a democracia prossiga sendo o melhor regime político em torno do qual as sociedades possam dirimir os seus conflitos.

Diz o colunista: “É muito importante que as forças democráticas tenham clareza de quais são os problemas que levaram à crise da democracia, que está fazendo com que a democracia se enfraqueça diante de outras alternativas, como é o caso do governo autoritário da China, que tem sucesso econômico, mas não garante a liberdade dos indivíduos, como se faz em vários outros países de democracia realmente consolidada. É preciso observar com muito cuidado todas essas circunstâncias e transformar o conhecimento dessa situação num mecanismo de ação, num instrumento para se enfrentar os elementos da crise da democracia e aqueles que querem solapá-la e de alguma maneira impedir que ela permaneça”.

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