Um documento que precisa estar atento ao futuro – assim os professores Maria Helena Guimarães de Castro e Mozart Neves Ramos definem o Plano Nacional da Educação, cuja edição válida para o período entre 2024 e 2034 está sendo formulada neste ano. Os especialistas, que estão à frente, respectivamente, da Cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação em Avaliações Educacionais e da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira conversaram com o USP Analisa sobre esse tema, em entrevista que vai ao ar nesta sexta (22).
Maria Helena critica a discussão sobre um novo plano sem uma análise aprofundada sobre as razões que impediram o cumprimento das metas anteriores. Para ela, a proposta de retomar diretrizes anteriores à implantação do Novo Ensino Médio não reflete as mudanças que aconteceram no mundo desde então, como os próprios avanços tecnológicos.
“Quem está discutindo o Plano Nacional de Educação tem que olhar as tendências, o contexto, ter um bom diagnóstico e evidências para pensar o futuro. E o nosso problema hoje em relação ao futuro é que nós temos uma tremenda herança desse passado recente das metas que não foram cumpridas e que precisam ser cumpridas, como é o caso da educação infantil, do ensino médio, do ensino técnico profissional e alfabetização. Esse é o mínimo que o país precisa entregar para a sociedade, e tem que olhar para o futuro. Então, nessa altura, eu sinceramente não só tenho uma visão muito crítica das moções aprovadas, como eu entendo que o ideal seria postergar esse Plano Nacional da Educação que está em vigor para daqui a dois anos, como há inclusive um projeto de lei propondo a prorrogação do plano atual, tendo em vista a pandemia”, afirma a professora.
Mozart concorda com as críticas de Maria Helena em relação à retomada de diretrizes anteriores e destaca que o plano deveria ser ousado e apontar, de fato, para o futuro. Para ele, falta um foco maior sobre o aluno, principalmente em relação à aprendizagem.
“Na minha opinião, qualquer que venha a ser o Sistema Nacional de Educação, deveria olhar para o estudante. É como o SUS [Sistema Único de Saúde]. O SUS não olha para o médico, olha para o paciente. Quer ver um exemplo? O eixo 2 da proposta que está aí fala em acesso, fala em permanência e fala em conclusão, mas não fala em aprendizagem. Então não adianta a gente continuar colocando mais crianças e jovens na escola, chegar ao final e os alunos não terem um conhecimento básico, mínimo, por exemplo, em uma área estratégica para qualquer país que é a matemática. O Brasil está precisando repaginar a sua visão de mundo, de educação, para que efetivamente a gente possa dar um salto de qualidade”, diz ele.
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USP Analisa
O USP Analisa Vai ao ar pela Rádio USP quinzenalmente às sextas-feiras, às 16h:45, e também está disponível nos principais agregadores de podcast. O programa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. Apresentação e edição: Thaís Cardoso. Produção: João Henrique Rafael Junior.
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