Há cerca de 20 anos, uma série de ações afirmativas voltadas à população negra começaram a ser implantadas no Brasil, o que teve um impacto importante para essas pessoas. No USP Analisa desta sexta (20), Helton Souto Lima e Vidal Dias da Mota Junior, respectivamente presidente e diretor-executivo do Instituto Dacor, conversam sobre a relação entre essas ações e o combate ao racismo.
Segundo Mota Junior, as cotas colaboram para criar um ambiente universitário mais plural e enriquecedor. “Ao fazer a reparação histórica nós estamos falando de combate ao racismo. Essa reparação sim é dar poder para as pessoas, porque a educação é poder, educação é levar as pessoas para outro patamar de enxergar a vida, de enxergar e desenvolver o seu potencial”.
O diretor-executivo destaca ainda que as estatísticas mostram uma melhoria de vida a partir do acesso ao ensino superior, e isso retorna para a sociedade na forma de diversidade de leitura de mundo e de conhecimento de diferentes realidades. “Além de tudo, isso traz inteligência para a sociedade no sentido de potencializá-la, de dinamizá-la, de torná-la efetivamente criativa. Tem até um velho meme, que diz que o brasileiro precisa ser estudado pela NASA. Esse é o brasileiro do cotidiano, que se vira para sobreviver. Esse cara na universidade revoluciona o ensino. A universidade não é só uma imposição porque todo mundo da minha família fez, mas é a oportunidade que eu tenho na vida e eu vou valorizar muito isso”.
Lima ressalta um relatório do Banco Mundial que, embora o Brasil tenha um grande potencial de utilização de capital humano, há uma perda de até 40% nesse potencial ao longo da vida por conta de condições de educação e saúde. “A gente chega a [um aproveitamento de] 60%. E quando a gente corta para as populações negras no Brasil, esse índice cai para 56%. Quando corta para a população indígena, esse índice cai para 52%. Ou seja, nós perdemos a capacidade das pessoas e a gente perde potência, perde força e força de país, de sociedade, de transformação”.
Para ele, o país perdeu a oportunidade de tirar vantagem do chamado bônus demográfico, ou seja, quando há proporcionalmente na população um número maior de jovens aptos a trabalhar. “Nós perdemos uma população jovem, potente, forte para avançar com a potencialidade que esse país tem. Nós estamos numa população que está envelhecendo cada vez mais. Então matar jovem negro na periferia é uma questão que impacta o nosso desenvolvimento. Isso é, de fato e em ato, matar o futuro”.
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USP Analisa
O USP Analisa Vai ao ar pela Rádio USP quinzenalmente às sextas-feiras, às 16h:45, e também está disponível nos principais agregadores de podcast. O programa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. Apresentação e edição: Thaís Cardoso. Produção: João Henrique Rafael Junior.
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