Após quatro anos de reduções no orçamento público e tentativas de desmonte em importantes órgãos, a ciência brasileira busca retomar seu desenvolvimento. Um dos atores à frente desse movimento é o físico Ricardo Galvão, que assumiu no início do ano a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. Com ele, o USP Analisa conversa, nesta semana, sobre a situação do órgão e o recente reajuste nas bolsas de pesquisa, que mantinham os mesmos valores há dez anos.
Segundo ele, o desmonte no CNPq não foi tão grande quanto no restante do Ministério da Ciência e Tecnologia. “Quero aqui reconhecer a atuação do professor Evaldo [Ferreira Vilela], que foi presidente do CNPq e procurou manter a instituição funcionando da forma correta, atendendo à comunidade científica, apesar de todos os cortes, apesar da quebra no quadro de pessoal, e os próprios servidores do CNPq, que tiveram resiliência e souberam manter a instituição atendendo, dentro do possível, às demandas da comunidade científica brasileira”, diz ele.
Galvão explica que atualmente o órgão gasta 90% do orçamento em bolsas e apenas 10% no investimento em projetos de pesquisa e na própria estrutura do órgão. Embora as bolsas sejam importantes e não serão reduzidas, ele afirma que está trabalhando com a equipe para inserir no Plano Plurianual a previsão de mais recursos para investimento no próprio CNPq.
Uma das áreas que precisam de modernização, de acordo com o presidente, é a de plataformas, como o Currículo Lattes, que agrega dados de mais de sete milhões de profissionais e pesquisadores, e a Plataforma Carlos Chagas, que agrega informações sobre as bolsas de pesquisa.
“Essas plataformas precisam ser modernizadas, aprimoradas. Acho que elas foram desenvolvidas há cerca de 10 anos, inclusive a Lattes não tem todos os programas atuantes e a empresa já acabou. Então temos que investir recursos e o quadro de pessoal que existe é muito pouco. Inclusive, estamos estudando agora a possibilidade de fazer um processo de contratação temporário e civil, usando a possibilidade da nova lei trabalhista. Depois vamos propor no Plano Plurianual – isso ainda está sendo elaborado – que tenhamos dentro do orçamento da União um recurso destinado diretamente para as plataformas, que não saia só do CNPq, porque é essencial essa modernização. Por exemplo, na plataforma Lattes, nós temos da ordem de 7,5 milhões de usuários. Desses, só cerca de 1,4 milhão são da área científica. Então veja que a plataforma Lattes é essencial para o Brasil, é um dos retornos que o CNPq dá à sociedade brasileira”, diz Galvão.
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