Na edição desta quinta-feira (18) de Os Novos Cientistas, recebemos a pesquisadora Maria Paula Pinheiro que nos descreveu parte de seu estudo de doutorado desenvolvido na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Na pesquisa Na Roda das Donas do Samba: um estudo sobre histórias, memórias e saberes das Tias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, ela investigou a participação e o protagonismo de mulheres negras reconhecidas como Tias nos processos de formação, organização, promoção e difusão da cultura das escolas de samba no Rio de Janeiro.
Na conversa com o jornalista Antonio Carlos Quinto, Maria Paula ressaltou que as Tias cumpriram e cumprem um papel primordial na escola de samba. “São lideranças comunitárias reconhecidas e atuam como guardiãs da memória e mantenedoras dos vínculos grupais, preservando modos de vida e universos culturais, conduzindo os ritos por onde os saberes circulam e são transmitidos entre gerações.” As Tias, como descreveu Maria Paula, são as mulheres mais velhas e experientes das comunidades de samba que se reconhecem e são reconhecidas por serem detentoras de um amplo complexo de saberes que remonta à herança civilizatória negro-africana recriada no Brasil.
A pesquisadora lembrou ainda que sua pesquisa destaca as personalidades femininas que estiveram à frente da direção de departamentos, presidência de alas e coordenação de grupos de trabalho na agremiação. Atualmente, Tia Surica (Iranette Ferreira Barcellos) é uma dessas lideranças, atuando como integrante veterana da Velha Guarda da Portela, membro do Conselho Deliberativo e detentora do título de matriarca e do posto de presidente de honra da escola. Maria Paula também deixou sua opinião em relação à instituição do Dia Nacional da Mulher Sambista, 13 de abril. “Vem simplesmente coroar longa trajetória de luta e resistência das mulheres sambistas.”
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