Sociedade em Foco #210: Situação fiscal do Brasil “não é o que o mercado financeiro prega, nem o que o governo defende”

A elevação da avaliação de crédito do Brasil pela Moody’s traz à tona a discussão sobre a saúde fiscal do País – e se os riscos são bem pensados

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 08/10/2024 - Publicado há 5 meses
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #210: Situação fiscal do Brasil "não é o que o mercado financeiro prega, nem o que o governo defende"
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A Moody’s, agência de classificação de risco, recentemente elevou a nota de crédito do Brasil. O País foi de BA2 para BA1, o que possibilita que mais investidores internacionais tenham segurança em trazer dinheiro para dentro do Brasil. No entanto, outras agências, como a Fitch e a Standard & Poor’s, não veem da mesma forma e mantiveram a nota brasileira.

José Luiz Portella comenta a questão, fazendo uma série de balanços e contrapesos. Ele diz que a questão fiscal brasileira não é boa, mas tampouco é extremamente preocupante; no fim, não é “nem o que o mercado financeiro prega, nem o que o governo defende”.

Segundo o professor, a situação fiscal brasileira tem uma série de problemas, mas as agências não têm credibilidade para serem tomadas como âncoras da verdade. Ele dá o exemplo da crise de 2008, em que essas mesmas empresas deram as avaliações mais positivas para bancos americanos que estavam assumindo riscos altíssimos e que eventualmente entrariam em sérias complicações. “Esse tipo de avaliação é feita com base política e não com a base técnica que se vende”, sintetiza Portella.

Sobre o caso brasileiro, ele diz que o principal problema fiscal “é que muitas vezes ele está gerando gastos que não são os melhores para o desenvolvimento do Brasil”. Ou seja, o risco dos gastos que estão sendo feitos não está sendo compensado. “Nós estamos perdendo a oportunidade de fazer políticas públicas mais eficazes com relação à desigualdade. Políticas compensatórias não resolvem o problema da desigualdade, elas compensam.” Ele exemplifica com relação à quantidade de auxílios e bolsas socioeconômicas que são dadas; estas, apesar de necessárias, não resolvem o problema a fundo. “Quando se faz muita política compensatória sem ao mesmo tempo ter uma política para sanar isso, definitivamente, acaba-se amenizando o problema, mas mantendo as pessoas num estado de carência, o que é muito ruim para elas e para o País.”


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