Sociedade Em Foco #123: Desconfiança nas eleições recai sobre pesquisas eleitorais

O desconhecimento da população acerca das metodologias empregadas nas amostragens é fator de desconfiança, segundo José Luiz Portella

 27/09/2022 - Publicado há 2 anos
Momento Sociedade - USP
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Sociedade Em Foco #123: Desconfiança nas eleições recai sobre pesquisas eleitorais
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Começou a reta final antes de o Brasil escolher quem será o próximo presidente. A confiança nos institutos de pesquisa e seus resultados, publicados a cada semana, está em baixa. A polarização entre candidatos situados em espectros políticos opostos e o desconhecimento de como as pesquisas são realizadas pioram o cenário.

A estatística, a partir de um processo amostral – feito a partir de um grupo que representa a totalidade do eleitorado – conseguiu reproduzir um maior número de pessoas, explica o doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados das USP, José Luiz Portella. Com isso, uma projeção de como todo o eleitorado irá votar é feita. “Quando você vai pegar as pessoas, você vai pegá-las de acordo com a mostra que você precisa. Essa amostra precisa representar todos os segmentos da população: idade, sexo, renda, entre outros”, aponta o pesquisador. 

Os resultados, por sua vez, são dados levando em conta dois fatores: a margem de erro e o grau de confiança. O primeiro diz respeito à diferença entre amostra e realidade. Por se tratar de uma estimativa, a pesquisa eleitoral tem que levar em consideração que o seu resultado pode conter certo grau de imprecisão (geralmente de dois a três pontos porcentuais). Isso vale também para os subgrupos dentro da amostragem, como mulheres e idosos. 

Já o grau de confiança é de 95%. “Se você fizer 100 pesquisas, 95 vão apresentar aquele resultado. Isso também é uma espécie de margem de erro no sentido de que, em 100 pesquisas, cinco podem estar fora daquele resultado apresentado”, explica Portella.

O eleitor, frente às desconfianças nas pesquisas, deve levar em consideração “duas coisas importantes: primeiro ele deve olhar se são pesquisas que têm metodologia semelhantes, se você fizer por telefone e se você fizer a pesquisa pessoal ou em domicílio. Em segundo lugar, se essas disparidades estão se ajustando”.

O mais importante agora é se haverá segundo turno. Para um candidato vencer no primeiro turno, é necessário ter 50% mais um dos votos válidos, o que exclui os votos nulos, brancos e abstenções, que são considerados inválidos.  Portella explica que, levando isso em consideração, um candidato poderia vencer no primeiro turno com 45% dos votos válidos, “porque aí o somatório do eleitorado válido baixa para 90%”. Na prática, isso aconteceria, por exemplo, se a abstenção fosse muito grande e o número de votos válidos baixasse 12%. Nesse cenário, a porcentagem de votos válidos contabilizados seria de 88%, o que significa que um candidato poderia ganhar a eleição com apenas 44% mais um, explica o pesquisador.


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