A música de Mariana Aidar demostra um sentimentalismo negro, que ela usa para sua construção de uma ponte dialógica, entre o nordestino e o pop rock, que tem origem africana. Para esse proposito a cantora escolheu o ritmo do xote, orquestrado com instrumental, que tem base na bateria, na sanfona, no baixo e na guitarra. Essa escolha de Mariana Aidar indicou para um xote diferenciado, dialogando com a música pop rock. Com essa expressão negra Mariana canta o calor da liberdade, sendo o amor do povo ibero-ásio-afro-ameríndio.
A presença musical de Nelson Ferraz expressa a irreverente luta contra o racismo do Teatro Experimental do Negro. Sendo uma pedagogia antirracista que na época chegou por meio da militância do Nelson Ferraz, na indústria do disco – a gravadora Continental. Acontecimento que se deu originando o icônico LP Lamento Negro. Nelson Ferraz é também uma denúncia social, sugerindo que a violência desumana da mais-valia absoluta vai ao paroxismo. A sua música aponta para reflexão da herança do “bem” da escravidão, como crime contra o afrodescendente. Violência que tem sido historicamente relativizada por setores da intelectualidade branca. Fenômeno que é discernido, melhor, por meio de uma relação dialógica com Pierre Bourdieu, no seu clássico estudo Racismo da Inteligência.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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