Quilombo Academia: O saber comunal da africanidade na visão estética de Geraldo Vandré e Virginia Rodrigues

A ética como traço da consciência africana em Geraldo Vandré e Virginia Rodrigues

 Publicado: 21/06/2024
Quilombo Academia - USP
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Quilombo Academia: O saber comunal da africanidade na visão estética de Geraldo Vandré e Virginia Rodrigues
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A arte de Geraldo Vandré sugere lirismo guerrilheiro, demonstrado com sua canção “Che”. Essa canção autoral de Vandré revela também uma espécie de fé revolucionaria. De tal sorte que o título musical “Che” é a munição fundamental, nutrindo sua utopia de irreverência quilombola. Considerando que essa música chama atenção para uma provável subjacência na conquista da Serra da Barriga liderada por Zumbi dos Palmares, que traz o foquismo como valor intrínseco nas lutas do quilombismo. Sendo posteriormente uma apropriação revolucionaria do foquismo, que é a técnica de guerrilha que foi vitoriosa em Cuba. É pertinente a lembrança de que Geraldo tem consciência do saber comuna, que implicou a incursão revolucionária de Che Guevara, pela África, mais especificamente no Congo, e isso foi um componente substancial na sua arte musical miscigênica.

A melodia maviosa da flauta doce dialoga com ijexá, embevecendo esse ritmo afro-baiano. Esse comportamento musical indica para construção de uma ambiência a diaspórica própria da baianidade, que tem como substância a religiosidade africana. A interpretação da diva Virginia Rodrigues é impregnada por uma linha artística de causa, que é própria da arte negra, com essência na luta e na resistência cultural. O canto de Virginia é dimensionado na orixalidade, trazido no querigma de Xangô. A negritude da musicalidade de Virginia no orixá da justiça, tal como uma corporalidade procissional, que busca na utópica negra visão epistêmica coletiva da ética, como justiça afro-teológica, que tem subjacência na mitologia egípcio-bantu do saber comunal de Ra. Essa ritualidade está caracterizada no afoxé, que é um candomblé de rua, onde Xangô segue ovacionado pelos brincantes, na corporalidade do canto negro, saudando com axé da ética aos brincantes. A canção Ojú Oba, Edil Pacheco e Paulo César Pinheiro constitui-se, por exemplo, em um afoxé que é enredo para magia da voz negra de Virginia Rodrigues.


Quilombo Academia

O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.

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