A diva Maria Bethânia tem uma interpretação que revela o seu inequívoco sentimento negro, que está enraizado na existencialidade do samba, que é o componente essencial da sua felicidade. Com a harmonização suave do violão acompanha a melodia vocal, criando atmosfera emotiva. Ela faz uma conjugação das cordas com as flautas, que traz uma textura com originalidade telúrica. Tamboralidade afro-ameríndia em que o tamborim e os contracantos da flauta, densificam a delicadeza sofisticada da sua musicalidade do seu canto, infundindo-o com ritmos e sonoridades que remetem à herança afro-brasileira. Bethânia constrói com esses elementos sua interpretação repleta de africanidade ….
Caetano Veloso demonstra a tamboralidade negra da sua música, trazendo sempre inovação envolvente. A sonoridade distinta do órgão elétrico faz um diálogo com a guitarra distorcida. Esse comportamento musical é conjugado com a originalidade das viradas, que são articuladas na bateria. Essa genialidade do arranjo para uma progressão harmônica marcante. Na musicalidade do Caetano, a guitarra aponta ao blues, remetendo à musicalidade dos guitarristas negros estadunidenses, cujo paroxismo é o BB King. Caetano Veloso constrói a seção rítmica, com a bateria e uma panderola. Esse arranjo musical é estruturalmente tropicalista, afirmando tamboralidade negra na interpretação de Caetano.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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