Quilombo Academia: A polissemia comunal na tamboralidade do samba da Ivone Lara e Cartola

Os traços existenciais revolucionários no samba ontológico de Cartola e Ivone Lara

 07/06/2024 - Publicado há 2 meses     Atualizado: 11/06/2024 as 8:17
Quilombo Academia - USP
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Quilombo Academia: A polissemia comunal na tamboralidade do samba da Ivone Lara e Cartola
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A Ivone Lara surgiu no mundo fonográfico, com a efervescência cultural dos anos setenta (70), emergência do ser, no multiculturalismo, do miscigênico contrariando o excesso do ter no autoritarismo monocultural do ter gravando sambas antológicos, como “Minha Verdade”, em parceria com Delcio Carvalho. A significação da educação relações étnico-musical da herança do a matriarcado africano, evidenciando o protagonismo da mulher negra, na roda de samba. Onde se tem uma espécie festividade dialética bakhtiniana, cujo lúdico configura a inversão da ordem. Foi, nesse contexto, lúdico gregário da elegância sapiente das divas da orixalidade, que se discerne naturalmente, a Ivone Lara, como a Dama do Samba. Fenômeno em que se configura com edições preciosas, destacando a manhosa interpretação miscigênica do Zeca Pagodinho.

A africanidade da composição do Cartola ganha uma interpretação miscigênica Beth Carvalho, que canta com a força do ibero-ásio-afro-ameríndio. No seu canto são, ‘ao meu quase cego ver’, perceptíveis nuances da morna cabo verdiana, do fado de origem afro-brasileiro, com apropriação portuguesa e a subjacência da tamboralidade africana. De tal sorte que, a sinergia, da composição do Cartola e o canto da Beth, revela a subjacência do espírito de convivência democrática de igualdade multirracial. Esse comportamento lúdico gregário de caráter comunal que é estruturalmente mangueirense, foi também a característica do multiculturalismo palmarino. Sendo uma herança utópica africana que contrariou fragmentando, por sua natureza, a ordem da distopia monocultural eurocêntrica. Isso sugere a polissemia da poética social do Cartola, como uma multiplicidade presente nas diferentes manifestações de diversidade do morro.


Quilombo Academia

O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.

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