
A genialidade de Tim Maia constitui-se, sobretudo, em trazer uma atmosfera mais musical na MPB. Com esse propósito ele buscou enegrecer com mais intensidade a música popular brasileira, atribuindo-a mais volume à axiologia africana. Considerando que na cultura bantu a música e a dança se confundem. Dessa maneira, Tim Maia introduziu no seu arranjo o groove, com evidente originalidade criativa, desenvolvendo uma relação dialógica entre o baixo e o sopro. Esse diálogo foi conjugado com a irreverência negra do rock, destacando a presença marcante da guitarra distorcida, que contribuiu para aprofundar o apelo dançante da música afrodiasporica.
O samba pop é um padrão rítmico que se destaca na música negra de Jorge Ben, como afirmação positiva da afrodescendência. Tratando-a como arte de causa, na qual Jorge destila uma espécie de aroma musical, criando atmosfera própria de um ambiente de resistência cultural. Esse artista sugere uma militância existencial, usando a dialética da alegria negra. Com isso Jorge Ben estabelece a força dançante, buscando a circularidade lúdico gregária, que é fundamental para unidade cultural africana. A ginga entra nesse comportamento, do artista, indicando para a possibilidade de relação dialógica entre o samba e o futebol, que foi sugestiva à presença do contra tempo do reggae na sua música, sobretudo nos títulos que tratavam do protagonismo afrodescendente no futebol miscigênico. Fenômeno que foi substancial na festividade revolucionária da alegria negra, caracterizada na irreverente estética com subjacência na religiosidade de matriz africana na negritude rítmica de Jorge Ben.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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