
A genialidade de Tim Maia constitui-se, sobretudo, em trazer uma atmosfera mais musical na MPB. Com esse propósito ele buscou enegrecer com mais intensidade a música popular brasileira, atribuindo-a mais volume à axiologia africana. Considerando que na cultura bantu a música e a dança se confundem. Dessa maneira, Tim Maia introduziu no seu arranjo o groove, com evidente originalidade criativa, desenvolvendo uma relação dialógica entre o baixo e o sopro. Esse diálogo foi conjugado com a irreverência negra do rock, destacando a presença marcante da guitarra distorcida, que contribuiu para aprofundar o apelo dançante da música afrodiasporica.
Gal Costa redimensionou, com notável singularidade, a música popular brasileira, demonstrando o quanto é incomensurável a contribuição africana na musicalidade nacional. É provável que a Gal Costa teve percepção desse fenômeno com a mediação artística da caetanidade miscigênica, quando ela interpretou a canção, intitulada – Neguinho – uma das virtuosidades do tropicalismo autoral de Caetano Veloso. A cantora traz um canto negro, que é motivado pelos beats eletrônicos da balada na música popular, revelando a multiplicidade da musica afrodiasporica. Gal conta com o nódulo africano da sua baianidade Gal Costa tem uma interpretação que concorre em proveito da construção da imagem de afirmação positiva da africanidade diaspórica.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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