
A brasilidade, na instrumentalidade de Astor Silva e no canto de Mariana Aidar, mostra inequívoca relação dialógica, que se dá por meio da herança africana, no âmbito do princípio lúdico-gregário. É nesse contexto que me parece mais evidente a conversa entre essas duas expressões, que são impregnadas de relações miscigênicas.
Nos arranjos do maestro Astor Silva, o samba, com nuances do choro de essências afro-ibérica, tratada com a negritude estadunidense do jazz são nódulos musicais, implicados na dimensão coletiva da diáspora negra. Nessa dinâmica existencial de relações comunais se estabelece a interpretação de Mariana Aidar, que busca ancoragem na nordestinidade de Chico Cesar, com intuito de demonstrar definitivamente o aspecto circular no sentido coletivo da sua música, sugerindo as possibilidades tribais, que são próprias da influência afro-ameríndia presente na música nordestina, que tem também base no tribalismo montanheiro da origem popular da língua lusitana.
É na convergência desses fatores que se percebe a aproximação na musicalidade instrumental de Astor Silva e interpretação de Marina Aidar.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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