Como cantora e como compositora em parceria com Tim Maia, a jazzista Rosa Marya Colin desenvolve um discurso musical negro, apoiado no ritmo do blues, caracterizado na guitarra, no baixo, na gaita e na bateria, com subjetividade feminista em proveito das minorias vulneráveis. Rosa Marya faz do seu canto uma tribuna erudita, fazendo um inventário da dimensão existencial do matriarcado, na teluricidade mítica afro-ameríndia, com a canção Um blues para Rosa, de Lula Barbosa e Celso Luiz Prudente a cantora Rosa Marya sugere uma espécie de nuance de romantismo dialético, onde a união do amor na praça faz brotar a rosa, em que ela canta a voz de todas marias, sugerindo uma sororidade do feminismo negro. Não é por acaso, que ela é considerada a principal diva negra do jazz brasileiro.
Com um arranjo com orquestra de metais que cria uma atmosfera nostálgico, remetendo a um baile de gafieira a música de Nelson Sargento é mais um capítulo pedagógico da lição de humanidade que vem do morro para a classe média. Seu samba tem assinatura de duas referências, da ética e da autenticidade na música brasileira, Nelson Sargento e Ivone Lara, cujo protagonismo chama atenção para herança do matriarcado africano. Tanto o Nelson quanto a Ivone formam uma escola negra que leciona o lirismo poético, esvaziado pelo mercado eurocaucasiano.
Quilombo Academia
O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.
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