Quilombo Academia: A expressão miscigênica na música de Ney Matogrosso e Rita Lee

A africanidade musical de Rita Lee e Ney Matogrosso

 31/05/2024 - Publicado há 6 meses
Quilombo Academia - USP
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Quilombo Academia: A expressão miscigênica na música de Ney Matogrosso e Rita Lee
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O Ney Matogrosso tem um comportamento musical militante. Isso fica cristalino na canção Sangue Latino, em que o artista evidencia a originalidade performática na interpretação dos Secos e Molhados. Esse grupo musical traz um canto emblemático, contra a hegemonia monocultural eurocêntrica. Com um carisma singular, Ney sugere uma interpretação existencial ontológica, demonstrando que o preço que se paga pelo rompimento do estabelecido faz parte da luta anticolonialista. Sua telúrica latinidade miscigênica o torna ainda mais especial. Na canção Sangue Latino observa-se um motivo melódico simples, porém cativante. O motivo melódico é uma técnica que foi percebida no romantismo da música clássica. Isso é ponto que testemunha também a natureza eclética na amplitude da miscigenação performática do canto de Ney Matogrosso.

A musicalidade de Rita Lee expressa diferentes gêneros musicais que se interseccionam com a afrodiasporicidade. A sua composição autoral Alô Alô Marciano está na genialidade do repertório ibero-ásio-afro-ameríndia de Elis Regina. Cabe lembrar que essa Pimentinha de divindade miscigênica gaúcha foi uma intérprete da africanidade da sua amiga Rita Lee, com um arranjo que passeia pela africanidade da música caribenha em fusão com inequívocos toques, da essência negra, do jazz e do blues. Em Alô, Alô Marciano a dupla, formada pela Rita Lee e Roberto Carvalho demonstra profundo descontentamento com eurocidentalismo caucasiano, em uma comunicação idílica com um marciano.


Quilombo Academia

O Quilombo Academia é transmitido as quintas-feiras, às 13 horas, com reapresentação aos domingos, às 19 horas e 30 minutos, na Rádio USP São Paulo e Ribeirão Preto, e também por streaming. As edições do programa estão disponibilizadas nos podcasts do Jornal da USP (jornal.usp.br) e nos agregadores de áudio como Spotify, iTunes e Deezer.

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